Maritza Guimarães de Souza e a filha Ana Carolina de Souza foram enterradas no final da tarde desta sexta-feira (6) no cemitério municipal de Piraí do Sul, na região dos Campos Gerais do Paraná. Na despedida, familiares, amigos e colegas de profissão da policial não contiveram as emoções. Enquanto o enterro era realizado, a Justiça determinou, em Curitiba, pela prisão preventiva do delegado Erik Busetti, autor dos disparos.
Despedida mãe e filha
Antes do sepultamento, os corpos de mãe e filha foram velados em Curitiba. Às 8h, desta sexta-feira (6), as vítimas foram levadas em cortejo até a cidade onde mora a família de Maritza. Escoltado por viaturas da Polícia Civil, o cortejo foi acompanhado por diversos amigos e familiares. Já na cidade de origem da mulher, familiares puderam dar o último adeus a mãe e filha.
Confira imagens na cidade de Piraí do Sul:
Justiça determina prisão preventiva
O juiz Fernando Bardelli Silva Fischer decretou nesta sexta-feira (6), que a prisão em flagrante de Erick Busetti seja convertida para preventiva. Com isso, o delegado continuará preso até a finalização do inquérito.
A defesa do suspeito informou que recebeu a decisão com naturalidade. Confira a nota na íntegra:
“A defesa técnica do Delegado de Polícia Erik Brusetti recebe a decisão da justiça na decretação da prisão preventiva com naturalidade. A defesa espera agora o desenrolar das investigações, para que novas informações oficiais sejam juntadas ao inquérito policial que investiga esta grande tragédia que arrasou a vida de três famílias.”
O crime
O delegado Busetti matou sua esposa e a enteada, na noite desta quarta-feira (4), dentro do sobrado onde a família vivia em de um condomínio no bairro Santa Cândida, em Curitiba.

No momento do crime, estavam em casa Maritza, uma filha do casal de 8 anos e Ana Carolina. De acordo com a polícia, a criança dormia e acordou quando ouviu os tiros. Momento em que Busetti foi até o quarto, pegou a filha e levou a menina até casa de vizinhos.
De acordo com vizinhos, uma briga entre o delegado e a esposa pôde ser ouvida na casa ao lado e, logo depois, vários tiros ecoaram pelo condomínio.
“Ouvi vários tiros, umas 23h45 da noite. Passou 5 minutos, o delegado saiu da casa dele com a filha já no colo. E aí começou a “bater nos vizinhos” [sic] pra deixar a filha dele menor. Ele já chegou e disse ‘fica com minha filha que eu fiz uma besteira’. Ele estava com a camisa toda rasgada, falou que entrou em luta corporal com ela, mas aí eu já não sei”, contou uma testemunha, que não quis se identificar.
Ele teria a intenção de tirar a própria vida, mas foi convencido a desistir pelos vizinhos. Na sequência, o próprio delegado ligou para a polícia, confessou o crime e esperou pela chegada dos policiais. Em resposta ao ser perguntado sobre a motivação dos assassinatos, respondeu com frieza “vocês não têm ideia do que eu estava passando”.
De acordo com vizinho, antes do crime, eles ouviram uma briga entre o delegado e a esposa. Pela cena encontrada no local, a polícia acredita que mãe e filha estavam assistindo um filme e comendo pipoca quando foram surpreendidas pelo delegado. Além disso, a arma de Maritza estava em outro cômodo da casa, de modo que ela não teve como se defender.

Uma ambulância do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) chegou a ser chamada, mas quando chegou ao local, as vítimas – que estavam abraçadas e caídas atrás do sofá da sala – já estavam mortas.

Busetti foi preso em flagrante por feminicídio e está detido no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana da capital, em uma ala especial para policiais. O inquérito deverá ser concluído em 10 dias.
Maritza e o marido – que estava junto há pelo menos 10 anos – passava por um processo de separação e, segundo testemunhas, embora dividissem o mesmo teto já não viviam como um casal há um ano. Além disso, amigas e familiares confirmaram que apesar da situação, o delegado não aceitava a separação.