Os corpos da escrivã da Polícia Civil Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, e de sua filha Ana Carolina de Souza, de 16 anos, assassinadas pelo delegado Erik Busetti, de 45 anos, são velados em Piraí do Sul, nos Campos Gerais do Paraná, desde o fim da manhã desta sexta-feira (6).
Mãe e filha começaram a ser veladas na Escola Superior da Polícia Civil, em Curitiba, durante a madrugada. E, por volta das 8h, saíram escoltados por um cortejo de carros da polícia para seguir em direção a cidade no interior do estado, onde vivem os familiares de Maritza.
Conforme Roberto Fehrenbach, tio de Ana Carolina, o pai da menina, que vive no Rio Grande do Sul, está extremamente abalado com o crime violento. “Quando um pai ou uma mãe perdem um filho sempre dizem que perdem a metade de sua vida. Então, a gente não consegue dimensionar uma dor dessas por mais perto que esteja”, disse.
Ela também conta que a família acredita que a adolescente foi morta porque tentou defender a mãe.
“A Ana era aquela menina graciosa que a gente gosta de ter sempre perto, é a sobrinha que a gente abraça e ama. Pelo o que a gente conhece foi isso, ela foi defender a mãe, ela se achou o escudo da mãe porque a gente conhecia ela. Ela faria isso sempre pela mãe”, declarou Fehrenbach.
Karoline Fernanda Souza Machado, irmã da policial, também falou sobre a tragédia e pediu punição para Busetti:
“Eu quero que seja feita Justiça, que ele não fique impune pelo crime que ele cometeu, tirou a vida de duas inocentes”.
O crime
O delegado Busetti matou sua esposa e a enteada, na noite desta quarta-feira (4), dentro do sobrado onde a família vivia em de um condomínio no bairro Santa Cândida, em Curitiba.

No momento do crime, estavam em casa Maritza, uma filha do casal de 8 anos e Ana Carolina. De acordo com a polícia, a criança dormia e acordou quando ouviu os tiros. Momento em que Busetti foi até o quarto, pegou a filha e levou a menina até casa de vizinhos.
“Ouvi vários tiros, umas 23h45 da noite. Passou 5 minutos, o delegado saiu da casa dele com a filha já no colo. E aí começou a “bater nos vizinhos” [sic] pra deixar a filha dele menor. Ele já chegou e disse ‘fica com minha filha que eu fiz uma besteira’. Ele estava com a camisa toda rasgada, falou que entrou em luta corporal com ela, mas aí eu já não sei”, contou uma testemunha, que não quis se identificar.
Ele teria a intenção de tirar a própria vida, mas foi convencido a desistir pelos vizinhos. Na sequência, o próprio delegado ligou para a polícia, confessou o crime e esperou pela chegada dos policiais. Em resposta ao ser perguntado sobre a motivação dos assassinatos, respondeu com frieza “vocês não têm ideia do que eu estava passando”.
De acordo com vizinho, antes do crime, eles ouviram uma briga entre o delegado e a esposa. Pela cena encontrada no local, a polícia acredita que mãe e filha estavam assistindo um filme e comendo pipoca quando foram surpreendidas pelo delegado. Além disso, a arma de Maritza estava em outro cômodo da casa, de modo que ela não teve como se defender.

Uma ambulância do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) chegou a ser chamada, mas quando chegou ao local, as vítimas – que estavam abraçadas e caídas atrás do sofá da sala – já estavam mortas.
Busetti foi preso em flagrante por feminicídio e está detido no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana da capital, em uma ala especial para policiais. O inquérito deverá ser concluído em 10 dias.
Maritza e o marido – que estava junto há pelo menos 10 anos – passava por um processo de separação e, segundo testemunhas, embora dividissem o mesmo teto já não viviam como um casal há um ano. Além disso, amigas e familiares confirmaram que apesar da situação, o delegado não aceitava a separação.