Curitiba - A morte bebê Gael, de três meses, em uma creche clandestina tem gerado comoção. A criança foi deixada sob os cuidados de uma mulher que, segundo a mãe, já cuidava de outras crianças há mais de dez anos. O caso está sob investigação da Polícia Civil do Paraná (PCPR), e o advogado da família, Igor José Ogar, aponta negligência e imprudência na condução do atendimento ao bebê.

A mãe de Gael relatou à RICtv que tentou conseguir vaga para o filho na rede pública de educação infantil, mas não obteve sucesso:
“Eu fiz inscrição do Gael com um pouco mais de 30 dias de vida.”
Ela conta que seus outros dois filhos frequentam creches municipais, mas que, no caso de Gael, a vaga não foi disponibilizada:
“Eu não conseguia a vaga. Daí eu optei em arrumar uma pessoa pra cuidar. E ela foi bem recomendada, ela cuidava de criança há muito tempo ali. É muito tempo mesmo, acho que tem mais de 10 anos. E nunca, pelo menos que eu saiba, tinha reclamação dela.”
Em meio à dor, a mãe expressou sua revolta com o desfecho trágico:
“Vocês não sabem o que é entregar o filho vivo e pegá-lo morto! […] Ela não salvou o meu filho! Eu cheguei e meu filho tava morto! Ele tava morto!”, disse a mãe emocionada.
Morte de bebê em creche clandestina: segundo a mãe, cuidadora devia ter socorrido a criança
Ela também criticou a conduta da cuidadora, alegando que havia possibilidade de buscar socorro imediato:
“Ela tinha carro! Ela podia ter pegado o meu filho e colocado junto no carro, procurado ajuda! Ele não tinha acabado de morrer! Ele não tinha, ele tava roxo!”
Segundo o relato, o bebê teve uma crise de bronquiolite anteriormente, mas já havia se recuperado:
“O Gael teve sim uma crise de bronquiolite, mas ele ficou 24 horas na UPA do Tatuquara, internado em observação, e o médico optou em mandar ele pra casa por conta de um risco maior no hospital, e ele ser muito bebê. Mandou ele pra casa com tratamento, e eu não mandei ele para nada, para ninguém cuidar, tanto é que eu nem trabalhei quando ele ficou doente, ele ficava comigo. E ela começou a cuidar do meu filho depois que ele já tinha melhorado, disse.
Além disso, a mãe também disse que levou o filho para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) recentemente.
“A crise que deu de bronquiolite nele foi antes dela pegar o meu filho para cuidar. Não foi quando estava com ela. Ele já estava melhor. Já, sim, ele já tinha melhorado. Não tinha nenhum sintoma disso. […] Ele teve uma consulta na UPA, na unidade de saúde, e ele estava bem de saúde, ele não tinha nada, ele foi avaliado, nada, nada”, completou a mãe.
Advogado acusa suspeita de negligência
O advogado da família, Igor José Ogar, afirmou que o caso é grave e que há relatos de outros pais sobre irregularidades no mesmo local:
“É um caso gravíssimo que inicia-se nesse momento e que certamente, diante dos relatos e da gravidade dos fatos trazida pela família, vai muito além dessa falta de cuidado, dessa negligência, imprudência, ou talvez até imperícia.”
O advogado apontou que há indícios de que a responsável tenta transferir a culpa pela morte da criança à mãe:
“A família me relata que, anteriormente aos fatos, essa mulher que cuida dessa… eu vou chamar… não posso nem chamar de clínica, nem de creche. Eu não sei qual seria o nome adequado. Talvez nem valha a pena dizer aqui. Fique isso na mente de cada um. Mas é um nome que vai desprestigiar o trabalho dessa pessoa.”
“Nós entendemos que ela tenta colocar a responsabilidade ainda na mãe. Não bastasse perder o filho, o Gael, ela ainda tenta projetar uma culpa pra mãe, dizendo que a mãe levou essa criança adoecida.”
O advogado reforçou que Gael havia passado por consulta médica recentemente e não apresentava problemas de saúde:
“A mãe, por bem, e por sorte — posso dizer por Deus — tinha recentemente levado o Gael a um médico pediatra que não constatou nenhum tipo de doença ou algo que pudesse acometer a morte dessa criança. Então nós descartamos essa possibilidade.”
Ogar também apontou que a creche clandestina agiu com imprudência e que outros pais relataram irregularidades:
“Reforçamos ainda, diante dos relatos da mãe, de toda a família e também de outros pais de crianças, que aquela clínica ali agiu, sem dúvida nenhuma, com imprudência, negligência e, talvez, se houve alguém falseando ser uma pessoa cuidadora profissional, até com a imperícia.”
O caso está sendo investigado e a cuidadora foi presa e ouvida pela Polícia Civil, mas liberada após o pagamento de fiança. O marido da mulher continua preso. O corpo do bebê foi encaminhado para exames no Instituto Médico-Legal (IML), que devem apontar mais detalhes da causa da morte.
Gael, o bebê, de três meses, que morreu engasgado na creche clandestina, foi sepultado na manhã desta terça-feira (20), no cemitério do Boqueirão.
Relembre o caso: morte de bebê em creche clandestina de Curitiba
Um bebê, de três meses, morreu engasgado na tarde desta segunda-feira (19), em uma creche clandestina no bairro Tatuquara, em Curitiba.

De acordo com nota da PCPR, as informações preliminares apontam que o bebê teria morrido após se afogar com leite. Porém, a causa da morte só poderá ser confirmada oficialmente após exames periciais, que já foram solicitados pelas autoridades.
Bebê morto em creche clandestina: mulher presa paga fiança e é solta
A mulher presa suspeita pela morte de um bebê, de três meses, em uma creche clandestina, pagou uma fiança de R$ 3 mil e foi liberada, segundo a Polícia Civil do Paraná (PCPR).
Dessa forma, o delegado Fabiano Oliveira, afirmou que a suspeita vai responder em liberdade pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O marido da mulher foi encaminhado para a cadeia pública.
Advogado de defesa dos suspeitos se manifesta
O advogado de defesa do casal, Junior Ribeiro, se manifestou sobre o caso por meio de nota. Leia na íntegra:
“Maria Eliza atua como cuidadora de crianças há mais de uma década, sempre no mesmo endereço, e jamais houve qualquer tipo de incidente, reclamação ou apontamento negativo por parte dos pais ou responsáveis. Ao longo desses anos, nunca se registrou sequer um relato de ferimentos, maus-tratos ou negligência envolvendo qualquer criança sob seus cuidados.
No dia do lamentável ocorrido, a mãe da criança a deixou aos cuidados de Eliza pela manhã, informando que a bebê ainda não havia se alimentado. Eliza procedeu a amamentação, aguardou que a criança arrotasse e, em seguida, a colocou para dormir em segurança, deitada de lado, em um ambiente visível da cozinha, onde preparava o almoço para as demais crianças.
Cerca de dez minutos depois, ao verificar o estado da bebê, percebeu alteração em sua coloração e, imediatamente, em estado de desespero, chamou seu esposo, que iniciou os procedimentos de emergência. Simultaneamente, ela entrou em contato com o Samu, que a orientou, por telefone, a colocar o bebê em decúbito frontal e iniciar massagem cardíaca, a qual foi mantida até a chegada da equipe médica.
É importante esclarecer que, há cerca de dois anos, o local recebeu uma visita do Conselho Tutelar e, após vistoria, não foi identificado qualquer indício de abuso ou negligência. As crianças estavam bem cuidadas, alimentadas e apresentavam bom estado geral, razão pela qual não houve qualquer medida ou sanção.
De igual forma, a Vigilância Sanitária realizou visita orientativa, recomendando apenas a busca por regularização formal, sem determinar o encerramento das atividades nem aplicar qualquer penalidade, reconhecendo que a sra. Eliza prestava um serviço de caráter social, que muitas vezes supre a ausência de políticas públicas adequadas.“
O casal lamenta profundamente a perda irreparável dessa criança, compartilha da dor da família e permanece à disposição das autoridades para esclarecimentos, colaborando de forma transparente com todas as investigações.
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui