Uma mãe que deixou sua filha morrer de fome e gripe ao abandonar a criança sozinha em casa para viajar com o namorado e amigos foi condenada a nove anos de prisão, por homicídio, em Brighton, na Inglaterra. 

A tragédia familiar aconteceu em dezembro de 2019, mas o caso só foi julgado na última sexta-feira (6). Ao receber sua sentença, Verphy Kudi, de 19 anos, chorou, mas não declarou estar arrependida. 

“Ela era uma criança indefesa e confiava totalmente em você como sua mãe para suprir suas necessidades. É quase insuportável contemplar o sofrimento dela nos últimos dias de sua vida, o sofrimento que ela suportou para que você pudesse comemorar seu aniversário e os aniversários de seus amigos como uma adolescente despreocupada. Você sabia muito bem que não deveria fazer o que estava fazendo”,

disse a juíza Christine Laing, durante a audiência. 

Segundo a denúncia da promotoria, a jovem viajou para Londres, a cerca de 80 Km de distância da cidade em que vivia com a filha, no dia 5 de dezembro para comemorar seu aniversário de 18 anos e só voltou para casa no dia 11. Durante os dias em que ficou fora, ela compareceu a várias festas, shows e comemorações. 

Ao todo, a pequena Asiah ficou sem água, comida e cuidados por cinco dias, 21 horas e 58 minutos. Os investigadores ainda apuraram que após retornar, a mãe demorou mais de duas horas para ligar para o serviços de emergência. Pelo telefone, ela declarou que a filha não estava acordando após ter dormido o dia todo. Quando os paramédicos chegaram, o bebê estava caído no chão e, segundo seus relatos, Kudi estava “incoerente, angustiada e perturbada”. 

O bebê chegou a ser socorrido e encaminhado para um hospital, mas sua morte foi confirmada logo que deu entrada na instituição de saúde infantil. 

O pediatra Nicola Cleghorn participou do julgamento como consultor e explicou que a provável motivação para que nenhum vizinho tenha ouvido a criança chorar enquanto esteve sozinha é porque ela já havia “aprendido anteriormente que gritar por ajuda era inútil”. 

“Um aspecto particularmente angustiante deste caso é que é improvável que ela tivesse chorado por qualquer momento, porque soube em muitas ocasiões que não haveria resposta”,

completou a juíza. 

Passado de abuso

Também foi levantado no tribunal uma possível explicação para tamanha negligência da mãe com a filha e, conforme a investigação, Kudi foi uma menina normal até os 14 anos, quando se tornou retraída, passou a faltar na escola e a fugir de casa. 

Na época, ela foi retirada de casa e designada para um suposto lar seguro. Mas, mesmo assim, existia a preocupação de que a adolescente estivesse envolvida com exploração sexual infantil e foi então que engravidou

Logo mãe e filha foram colocadas em um novo programa de acolhimento e chegaram a morar com a mãe de Kudi, antes de se mudarem para o apartamento onde a criança morreu.