“Estar sentado aqui, é como ser velado vivo”, diz sargento da ROTAM e um dos acusados no maior julgamento da história do Paraná. (Foto: Giulianne Kuiava)

Iniciado na quarta-feira o maior julgamento da história do Paraná ainda não tem data para acabar; Doze polícias são acusados de assassinato

*Com informações da Assessoria de Imprensa Dalledone

O Júri Popular de doze policias militares acusados de assassinar cinco homens em 2009, entre eles três adolescentes, foi retomado na manhã do domingo (08) às 9h30. Considerado um dos maiores julgamentos da história do Paraná as audiências iniciaram na quarta-feira (04) e ainda não tem prazo para acabar.

Segundo Cláudio Dalledone, advogado de defesa dos acusados, os soldados se sentiram perseguidos durante todos esses anos. “A defesa dando conta de que ninguém aqui é contra o GAECO, contra o promotor do GAECO. Ocorre que em 2009 eles andaram muito mal naquilo que eles se propuseram a fazer, que fugiu ao que eles têm de melhor, que é investigar, que é apurar. Eles tentaram vestir a carapuça de censores da Polícia Militar”, disse.

Só no sábado foram interrogados cinco dos doze polícias acusados. Sete policiais ainda precisam ser inquiridos, mas não há garantias de que todos seja ouvidos ainda no domingo. Um dos depoimentos mais aguardados do julgamento é o do tenente Lúcio Roncaglio, oficial que comandou a operação naquela noite.

Depoimento sargento

Josué Antônio do Nascimento Martins, sargento da Ronda Tático Motorizada (ROTAM), foi interrogado por 8h no sábado (07). Foi primeiro dos acusados a dar sua versão dos fatos. O sargento negou todas as acusações e disse estar com a consciência tranquila. Falou ainda que sofreu muita pressão na época das investigações, em especial dos integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). “Fui pressionado a todo momento, tratado como um marginal”, concluiu.

Convidado pela defesa a deixar uma última mensagem, antes de se retirar do plenário, o sargento disse não saber  até hoje como explicar ao filho tudo que aconteceu nos últimos anos. “Para mim, estar aqui é como ser velado vivo. É muito difícil. Mais difícil é não saber até hoje como explicar para meu filho tudo que está acontecendo”, disse o policial em lágrimas.

O caso

Na época, em 2009, os PMs alegaram que estavam em perseguição com o grupo, que praticava um assalto no Alto da Glória. A defesa afirma que as vítimas dispararam contra os PMs depois de furarem um bloqueio da Rotam, ignorando a ordem de parada. Os agentes então teriam revidado, levando a óbito os cinco suspeitos.

De acordo com Alexandre Ramalho, Promotor e Assistente de Acusação, na ocasião os jovens teriam sido detidos, levados para um matagal e executados pelos policiais.

Duas vítimas eram investigadas por envolvimento com facções criminosas. Com os corpos foram encontradas cinco armas de fogo e uma grande quantia em dinheiro que, segundo a polícia, era produto de roubo.

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