O acusado de matar o policial militar Erick Norio na Vila Corbélia, na Cidade Industrial de Curitiba, no dia 6 de dezembro de 2018,  vai a júri popular a partir das 13h30 desta terça-feira (22). 

Antonio Francisco dos Prazeres Ferreira está preso desde o dia 11 de dezembro. Ele chegou a confessar o crime durante seu depoimento à Polícia Civil, mas em sua audiência de instrução, realizada em março deste ano, voltou atrás e negou que disparou contra o policial. 

Na ocasião, José Valdecir de Paulo, advogado de defesa declarou que Antonio estava junto com o verdadeiro assassino do policial: Pablo Silva Pereira da Hora, de 22 anos, encontrado morto no dia 7 de dezembro. 

“Quando a polícia foi fazer a abordagem, eles estavam em três, eles correram. Esse menino que foi ouvido hoje como testemunha de defesa, ele estava no momento dos fatos e quando os policiais chegaram, correu Antônio e esse menino para um lado e o Pablo para o outro lado. Então, eles ouviram o disparo e tudo leva a crer que foi o Pablo que efetuou o disparo”, declarou na época. 

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) ainda investiga se o incêndio que atingiu a ocupação 29 de Março, na Vila Corbélia, tem ligação com o assassinato do PM. 

O que diz a defesa do acusado de matar o PM

Nesta terça-feira, o advogado declarou que o réu assumiu o crime para cessar os ataques que eram feitos na Vila Corbélia e porque foi coagido pelos policiais. “Quando ele me procurou, ele me relatou, ‘Dr. eu tenho que me apresentar porque tá tendo uma certa pressão lá na comunidade, pessoas inocentes estão sendo expostas ao perigo e eu quero me apresentar pra cessar essa agressão”, disse. 

A defesa também tentará desqualificar o depoimento dado pelo acusado, pois durante seu testemunho, ele não estava acompanhado de um advogado, e ainda provar que a identidade de Antonio não foi localizada no local do crime.

“O RG, que investigações preliminares dão conta que foi encontrado no local dos fatos. Eu tenho testemunha que foi ouvida já em fase judicial e hoje no plenário, que vai confirmar que esse RG foi tirado de dentro da casa dele após a invasão dos policiais” explicou de Paulo.

Entenda todos os acontecimentos em torno da morte do PM na Vila Corbélia

Dia 6 de dezembro

Dia 7 de dezembro

Policiais são gravados enquanto atiram na Vila Corbélia. (Foto: Reprodução/RIC Record TV)
  • Agentes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), ocupam a Vila Corbélia e prendem cinco pessoas em ação de combate ao tráfico de drogas e para capturar o autor dos disparos que vitimaram o policial militar Erick Norio. Pablo Silva Pereira da Hora, 22 anos, é morto durante a operação.
  • Em uma segunda gravação, feita durante a noite do dia 7, é possível ouvir mais tiros, que, segundo moradores, também foram efetuados por policiais.
  • À época, testemunhas chegaram a afirmar que a polícia determinou um toque de recolher na comunidade carente e que o incêndio na Vila Corbélia começou depois dos disparos feitos durante a noite.

7 e 8 de dezembro

O INCÊNDIO NA VILA CORBÉLIA ATINGIU MAIS DE 100 RESIDÊNCIAS. (FOTO: PAULO FISCHER/RIC RECORD TV)
  • Ninguém morreu ou ficou ferido durante o incêndio, mas Gabriel Carvalho, de 17 anos, é encontrado morto, com ferimentos de arma de fogo, na Estrada Velha do Barigui, que fica na região.
  • Durante a operação de combate às chamas, viaturas da polícia, um caminhão dos bombeiros e outros veículos oficiais são apedrejados pelos moradores que acreditam que o incêndio foi provocado por policiais militares em represália a morte do PM Eric Norio.

8 de dezembro

  • policial militar Eric Norio é sepultado no Cemitério do Municipal do Boqueirão, em Curitiba.
  • Em coletiva de imprensa, o alto comanda da Polícia Militar declara que o incêndio na Vila Corbélia foi provocado pelo crime organizado. “Entendemos que, temos facções criminosas lá dentro, justamente porque nos últimos dias realizamos apreensão de drogas, armas e munições e mais do que isso, temos informações que nos chegam, de uma ocupação vizinha, que estaria descontente com a ação da polícia militar e colocaram fogo”, disse o Coronel Zanatta.
Residências ficaram destruídas pelo fogo na Vila Corbélia. (Foto: Reprodução/RIC Record TV)

11 de dezembro

  • Na madrugada de 11 de dezembro, Antônio Francisco dos Prazeres Ferreira, 33 anos, se entrega na Delegacia de Vigilância e Capturas, no centro de Curitiba, e confessa o assassinato do policial. Na ocasião, o advogado do suspeito explicou que o cliente decidiu se apresentar após as “confusões” registradas na Vila Corbélia.

12 de dezembro

7 de janeiro de 2019

7 de março de 2019

  • Antônio Francisco dos Prazeres Ferreira volta atrás e nega o homicídio do policial durante a primeira audiência de instrução do processo. A versão do advogado é de que o acusado estava junto com o verdadeiro autor do crime: Pablo Silva Pereira da Hora, de 22 anos, encontrado morto menos de 24 horas depois do assassinato do policial, e que assumiu o crime por medo dos policiais. “Quando a polícia foi fazer a abordagem, eles estavam em três, eles correram. Esse menino que foi ouvido hoje como testemunha de defesa, ele estava no momento dos fatos e quanto os policiais chegaram, correu Antônio e esse menino para um lado e o Pablo para o outro lado. Então, eles ouviram o disparo e tudo leva a crer que foi o Pablo que efetuou o disparo”, declarou José Valdecir de Paulo.

18 de setembro de 2019

  • Três policiais militares são presos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que investiga o incêndio na Vila Corbélia.
  • Segundo o Gaeco, os suspeitos foram detidos porque estavam em posse de armas e drogas. 
  • Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão contra policiais militares. 
  • A investigação apura se o incêndio, que destruiu mais de cem residências, foi provocado por policiais militares em represália ao assassinato do PM Erick Nório. A investigação corre sob sigilo.