A Base Aérea do Galeão, na zona norte do Rio de Janeiro, promoveu nesta sexta-feira (10) medidas inéditas de segurança e proteção contra a possibilidade de disseminação de uma doença fatal em 90% dos casos. Uma das pistas da unidade da Aeronáutica recebeu o jato que transportou de Cascavel (PR) o guineense Souleymane Bah, de 47 anos, com suspeita de estar contaminado pelo vírus ebola.

A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou no Rio pouco antes das 6h30. O paciente estava desperto e, assim como a tripulação, vestido com roupas impermeáveis previstas no protocolo de segurança do Ministério da Saúde (macacão, avental, máscara, luvas, botas, gorro, protetor facial).

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Do lado de fora do jato, três profissionais de saúde, também protegidos pelos equipamentos especiais, aguardaram por 40 minutos que o paciente fosse retirado em uma maca até a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), administrado pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Rio. A ambulância seguiu para a sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos (zona norte), em meio ao trânsito caótico da região pela manhã. O trajeto de cerca de 10 km levou 20 minutos. O veículo ingressou no campus da Fiocruz, em direção ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), pela entrada principal da Avenida Brasil.

Fotografias e imagens mostram o paciente sendo retirado da ambulância, ainda na maca, e levado para a unidade especializada no tratamento de vítimas de moléstias infecciosas, como aids, mal de Chagas, dengue e malária. Em uma das fotos, Bah aparece quase sentado, ao que parece numa tentativa de ajeitar o corpo.

O guineense foi internado em uma área isolada no pavilhão do INI, sem contato com outros pacientes e funcionários que não estejam envolvidos no seu tratamento. Bah está sendo atendido por um médico infectologista que fala francês com fluência, a fim de facilitar a comunicação.

Nas últimas semanas, os infectologistas da Fiocruz passaram por treinamento sobre como agir no atendimento a pessoas contaminadas pelo vírus. Também participaram de palestras com profissionais que estiveram nas áreas epidêmicas (África Ocidental). Em 29 de agosto, no Aeroporto Internacional Tom Jobim (vizinho à Base Aérea do Galeão), houve a simulação do socorro a um passageiro que teria desembarcado no Rio com sintomas da contaminação pelo ebola. No treinamento, o paciente foi isolado no aeroporto, levado até a Fiocruz e hospitalizado no INI.

Em Cascavel, os pacientes que estavam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) onde o paciente guineense foi atendido ficaram em observação e, a partir da tarde desta sexta-feira poderão ser liberados, de acordo com o estado de saúde. A equipe de saúde que estava de plantão ficou isolada na unidade, mas também já será liberada. Todos serão monitorados, por 21 dias, período de incubação do vírus do ebola.