“Meu jardim virou motel”, moradores da CIC reclamam de festas, aglomerações e baderna

“Gritaria, bagunça, sujeira, aglomeração, música muito alta, moto estalando, carro acelerando”, é assim que uma moradora relata as ocorrências na rua Raul Pompéia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). De acordo com outros vizinhos, desde setembro o local está sendo frequentado por muitas pessoas que não respeitam as medidas anticovid e ainda perturbam os moradores com muito barulho.

As aglomerações são registradas aos finais de semana. Segundo os vizinhos, a partir da noite de sexta-feira, festeiros se reúnem próximo a uma distribuidora de bebidas e passam a madrugada ingerindo bebida alcoólica, ouvindo música alta e causando transtorno na rua.

“Uma gritaria terrível, muito palavrão. os carros têm que desviar pelas ruas vizinhas. O ônibus, é o cúmulo do absurdo, tem que desviar da rota porque o pessoal fecha a rua e não consegue passar”,

contou uma moradora que não quis ser identificada.

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Os relatos indicam que os encontros na rua duram até às 6h. Durante o período da aglomeração, veículos têm dificuldades para trafegar no local e ônibus do transporte coletivo chegam a desviar por rotas alternativas para cumprirem o itinerário.

“É uma barbaridade. Não tem condições de dormir. Eu tenho meu marido idoso que também não tem condição de dormir. Nós vamos fazer o que, nos viramos de um lado, viramos de outro, mas não dá […] A polícia tem feito trabalho, mas ela não tem condições, é muita gente. Aqui se vier, tem que vir um batalhão inteiro. Sexta, sábado e domingo está sendo um inferno”,

declarou outra moradora.

Veja imagens da aglomeração:

Rastros da bagunça

Além do incômodo com o barulho e as aglomerações na rua, os moradores da CIC ainda precisam amanhecer com a sujeira deixada pelos festeiros. Embalagens de bebidas, papéis, plásticos, garrafas e até comida são encontrados após todos irem embora. As calçadas e via ficam com os rastros das festas.

Como se não bastasse o lixo produzido enquanto se divertem, alguns festeiros utilizam a frente de algumas residências para fazer necessidades fisiológicas. Mas não é só isso, tem também quem utiliza o quintal do vizinho como quarto de motel.

“Na frente da minha casa eu tenho jardim ,mas virou banheiro público e eu já fiquei sabendo pelos vizinhos que até motel virou já. Não tem mais condições de viver aqui”,

lamentou a moradora.

A vizinhança revelou ainda que a Polícia Militar do Paraná (PMPR) atende as ocorrências quando é solicitada, porém, não conseguem controlar o fluxo, devido a quantidade de pessoas. 

A equipe do RIC Mais aguarda posicionamento da PMPR e nota da Urbanização de Curitiba (Urbs) sobre o transtorno causado no local.

Atualização

Em entrevista para o programa Balanço Geral Curitiba nesta terça-feira (19), o capital Goulart, policial militar que atua na Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), falou sobre os chamados da população e o trabalho da Polícia Militar na região.

“A Polícia Militar e também as equipes da Aifu têm acompanhado essa problemática desde o início e têm direcionado vários esforços no sentido de reduzir esse problema e reduzir os efeitos que causa para a população. O que nós verificamos é que é um problema complexo e que infelizmente não tem para ele uma reposta simples. Ele demanda uma estrutura, um planejamento, um tempo maior de avaliação e uma atuação coordenada para que de fato tenhamos um resultado positivo”, disse o policial.

“A Aifu tem feito fiscalizações nesses estabelecimentos que são citados aí, inclusive no último final de semana foi entregue para esses estabelecimentos, e para uma outra distribuidora ao lado, uma notificação para cassação do alvará. Então isso também foi um pedido da Aifu para a Prefeitura, que fossem cassados os alvarás pela relação que esses estabelecimentos estão tendo com a desordem, com a insegurança e com a perturbação generalizada do sossego. Existem também planejamentos para ações futuras, com uma envergadura um pouco maior”.

explicou Goulart.