Curitiba - O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou por homicídio duplamente qualificado o policial civil Marcelo Mariano Pereira, 36 anos, que atirou e matou o comerciante Antônio Carlos Antunes, 51 anos, em um bar de Curitiba, no dia 26 de setembro deste ano. O posicionamento do MP-PR contraria o inquérito final da Polícia Civil do Paraná, que acatou a tese do policial de legítima defesa e sugeriu o arquivamento do caso. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça, Pereira deve ser julgado pelo Tribunal do Júri.

O pedido formal de abertura de ação penal foi apresentado nesta terça-feira (30), pela 2ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida. Foram apresentadas como qualificadoras do crime o motivo fútil e o fato de o homicídio ter sido praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito.
De acordo com as investigações do caso, o policial civil estava de folga e disparou contra a vítima no banheiro do bar após um desentendimento por causa de um copo de cerveja na pia.
Além do crime de homicídio qualificado, o policial civil também foi denunciado por porte de arma de fogo de uso restrito após ter ingerido bebida alcoólica, o que é vedado pela legislação (Lei 10.826/2003).
O promotor de Justiça Alexandre Ramalho de Farias explicou que, apesar do posicionamento diverso do inquérito policial, a denúncia foi oferecida “justamente para oportunizar a produção judicial das provas, sob o crivo do contraditório, ampla defesa e devido processo legal em um Estado Democrático de Direito, verticalizando a análise da ocorrência ou não de eventual legítima defesa e demais desdobramentos”.
Policial cometeu homicídio por causa de copo na pia, diz MP
O desentendimento que culminou na trágica morte do comerciante Antônio Carlos Antunes ocorreu no BarBaran, localizado na Alameda Augusto Stelfeld, no Centro de Curitiba, na noite de 26 de setembro.
Segundo a filha da vítima, os familiares estavam no estabelecimento há cerca de 45 minutos para comemorar o aniversário dela e ainda aguardavam a liberação de uma mesa, quando o pai decidiu ir ao banheiro.
Imagens de câmera de segurança do bar mostram o policial entrando no banheiro às 20h10. Antunes surge logo depois. Poucos minutos depois, testemunhas ouviram o barulho de um tiro.
Conforme a investigação da Polícia Civil, a confusão entre a vítima e o policial civil aconteceu por causa de um copo de cerveja. Marcelo Pereira colocou o copo que estava na pia no chão antes de lavar as mãos. O policial afirmou que a vítima não teria gostado e começou a agredi-lo. Ele então sacou a arma e disparou.
Antunes foi socorrido com vida e encaminhado ao Hospital Evangélico Mackenzie em estado grave. Foi submetido a procedimentos cirúrgicos devido à gravidade dos ferimentos, mas morreu cinco dias depois. O corpo dele foi velado e sepultado na cidade de Erechin (RS).
Após o incidente, o policial civil Marcelo Pereira deixou o bar escoltado por policiais militares e encaminhado ao hospital para atendimento médico. Ele tinha marcas no rosto, segundo a defesa, compatíveis com uma agressão.
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