A atual companheira de Luciano Freire Dutra, Ana Maria de Paula, desconfia de que a ex-esposa do homem armou uma emboscada para que ele fosse preso, em Antonina, no Litoral do Paraná. Acusado de tentativa de feminicídio, o suspeito foi detido em julho deste ano, depois de supostamente ter tentado colocar fogo no corpo da vítima e por descumprir uma medida protetiva que ela tinha contra ele.
A vítima, que prefere não se identificar, confirmou sua versão para a equipe da RIC Record TV Curitiba. Conforme ela, o relacionamento do ex-casal sempre foi conturbado e, no dia 13 de julho, Luciano jogou gasolina em cima dela e tentou atear fogo com um isqueiro. A mulher ainda relatou que só escapou de um final trágico porque o suspeito escorregou e caiu.
“Ele encosta o carro que ele tava, na época era o carro do pai dele, do lado do meu carro e fala pra mim que vai buscar os cachorros. Eu falei tudo bem, **** tá lá dentro, que era a pessoa que morava comigo e tava a diarista lá dentro também. Eu falei: “Pode ir lá buscar os cachorros como tá combinado”. Ele falou assim: “Não, eu quero que você pegue os cachorros”. Entrei no pub, fui sentido lá onde estavam os cachorros, que ficam na área externa, nisso ele já entrou pra dentro, ele já tava com a garrafa pet aberta e apertou a garrafa em cima de mim. Apertou, esguichou. Quando eu senti o cheiro da gasolina, eu já corri sentido ao banheiro. Com medo, né? Que qualquer faísca já pegaria fogo. E daí ele pegou e foi tentar acender o isqueiro. Realmente tentou acender o isqueiro. Quando ele foi acender o isqueiro, ele escorregou, provavelmente com a gasolina, ou com o chão, que o chão tava liso”.
disse a vítima.
O casal ficou junto por oito anos e era conhecido em Antonina, no Litoral do Paraná, pois os dois administravam juntos um comércio na cidade. Luciano já tinha passagens pela polícia por violência doméstica contra a ex-companheira. Em maio deste ano, a mulher conseguiu uma medida protetiva contra ele, após denunciar uma agressão.
“Eu conheci o Luciano eu tinha 18 anos, era muito nova. Desde o começo já foi um relacionamento muito conturbado. Aos 20 anos eu engravidei dele, foi a primeira denúncia da Maria da Penha que eu tenho contra ele. Ele me bateu gestante dele, só que eu sempre acreditei na instituição do casamento e da família. Eu acredita que ele ia mudar, muito apaixonada. O Luciano sempre foi uma pessoa muito manipuladora”,
Atual namorada contesta ex
A família de Luciano contesta que a roupa da vítima só foi entregue para a polícia no dia seguinte ao registro do crime e que a garrafa pet onde a gasolina supostamente estava nunca foi apreendida. No processo, há apenas uma foto anexada como prova. A única testemunha que teria visto o momento em que Luciano tentou incendiar a ex-esposa é uma amiga da vítima, que chegou a dizer, em depoimento, que não o viu com o isqueiro, mas que acreditava que ele tinha o objetivo de matar a ex.
O laudo da criminalística feita nas vestes que a mulher usava apontou que elas estavam encharcadas com água e apresentavam odor de sabão e, por isso, não foi possível apresentar uma conclusão sobre a presença ou não de gasolina.
“Mesmo com a única testemunha sendo amiga íntima da suposta vítima, mesmo a própria testemunha falando que em momento nenhum viu o Luciano com o isqueiro na mão, então fica bem difícil para a gente, né? Até onde a Justiça está sendo feita?”, disse. “Alguns laudos já saíram, que comprovam que em momento nenhum houve gasolina.”
questionou Ana Maria.
Ana Maria ainda relatou que a ex-esposa não aceitava o fim do relacionamento e que ela pode ter feito isso para prejudicar o ex-marido. “Muitas vezes ele falou da relação, que ele já vinha há muito tempo querendo se separar, mas ela não deixava. E quando ela descobriu do nosso relacionamento é que a situação ficou pior. Ameaças físicas, ameaças de ‘você só está viva porque eu estou permitindo’. Tinha um parente policial que dava a essa pessoa o poder de falar para todo mundo que ela podia controlar a vida de todo mundo. Como que uma pessoa que comete uma suposta tentativa de feminicídio vai trabalhar na cidade?”, pontuou a mulher.
A atual companheira de Luciano ainda levantou a hipótese da mulher ter armado contra o homem. “Essa funcionária mandou para o Luciano, na segunda-feira, que ele poderia ir retirar os cachorros que ela não estaria lá. Quando o Luciano chegou ao local, ela abriu a porta para ele retirar os cachorros e, em seguida, foi chamada, acionada a polícia. Realmente foi armado para ele quebrar a medida protetiva“, disse Ana Maria.
Luciano segue detido e responde por tentativa de feminicídio.