Campanha foi criada pela escritora Clara Averbuck, que relatou caso de estupro sofrido por ela. (Imagem: Reprodução/Facebook)

Campanha foi realizada pela escritora Clara Averbuck, que incentivou as mulheres a denunciarem os casos de abuso

Após a escritora Clara Averbuck relatar um estupro dentro de um veículo por um funcionário da Uber e lançar uma campanha para que incentivando denuncias, várias mulheres passaram a contar seus casos nas redes sociais.

Levantamento feito pelo R7 mostra que a hashtag #meumotoristaabusador, lançada por ela, foi citada 1.179 vezes até 11h33 desta terça-feira (29).

Uma das mulheres que compartilhou sua história nas redes sociais foi Mayara Sales. Em entrevista ao R7, ela relata que, no dia em que foi assediada, estava voltando de um show com a namorada e pediu um carro.

Ela conta que as duas entraram no veículo e começaram a conversar sobre coisas do dia a dia. A namorada desceu e ela continuou viagem.

— A partir daí ele começou a fazer perguntas e disparou a falar coisas extremamente constrangedoras, sobre as mulheres que ele se relacionava. Como já era um pouco tarde e as ruas do centro estavam vazias e fiquei só pensando como faria para sair dali.

Ela conta que depois o homem foi mais direto.

— Ele chegou a falar que haviam duas passageiras que ficaram com ele, por ele ser bem liberal. Nessa hora pedi para ele finalizar a corrida ali mesmo, desci antes da minha casa em uma rua de mão única. Fiquei com medo porque no aplicativo tinha meu endereço e ele poderia me seguir.

Laura de Paula foi outra vítima. Ela conta que há pouco mais de um ano estava tentando chegar a um lugar próximo à Freguesia do Ó, em São Paulo. Ela relata que se perdeu e, sem saber onde estava, decidiu pegar um táxi.

— O carro chegou, eu entrei e o motorista perguntou se eu tinha um caminho de preferência, aí eu contei que não sabia onde estava e nem como chegar ao lugar. O GPS estava indicando um caminho, mas o motorista disse que sabia um caminho melhor e começou a pegar umas ruas com menos movimento.

Ela afirma que depois de 10 minutos andando no carro, o homem falou que a máquina de cartão estava com problemas. Laura pediu para ele parar porque ela não teria dinheiro o suficiente para pagar a corrida.

— Ele disse que não tinha problema porque nós poderíamos entrar em um acordo e ver a melhor forma para os dois. Foi aí que eu percebi que tinha alguma coisa errada. Mais uma vez pedi para ele parar, que não tinha acordo. Ele nem respondeu e virou em uma rua super escura e quase sem movimento e parou.

Ela conta que entrou em pânico.

— Eu pedia para ele destravar a porta, enquanto ele dizia que era para eu me acalmar. Foi quando eu comecei a gritar e peguei o celular e comecei a discar um número aleatório. Só aí ele destravou a porta e eu saí do carro e ele foi embora.

Já Renata Mello diz ter sido vítima do que considera abuso psicológico.

— Peguei um táxi de madrugada saindo de uma festa. Logo que entrei no carro ele já perguntou o que uma mulher tão bonita estava fazendo sozinha, àquela hora. Ele perguntou se eu não tinha medo e eu disse que sim, por isso estava indo embora de táxi, já que morava perto.

Ela afirma que o homem não encostou nela, mas que o tom de voz dele e o jeito como olhava pelo retrovisor a deixou aterrorizada.

— Ele perguntou se eu era casada e eu disse que sim. Não sou. É aquela velha história de usar um namorado ou marido imaginário para tentar ser respeitada e fugir de um assédio. Dessa vez, eu menti sobre ter um marido para não ser estuprada. Me bateu muito medo nessa noite, achei que fosse acontecer.

Renata diz que na hora nem conseguiu pensar em usar o celular para avisar a alguém sobre o perigo.

— Meu corpo estava gelado de medo e eu só pensava em disfarçar que estava apavorada. Tentei ser simpática para não contrariar, como se nada estivesse acontecendo. Ele me perguntou se o meu marido estava em casa. Eu disse que sim e que ele devia estar me esperando na portaria. Acho que foi isso que me salvou. Meu prédio não tem porteiro à noite. Quando chegamos, entreguei o dinheiro e entrei. Esperando o elevador, dava para ver que ele ainda estava parado lá, olhando.

A escritora Clara Averbuck publicou o relato sobre o estupro em seu Facebook na tarde desta segunda-feira (28).

Questionada, a Uber afirmou, por meio de nota, que “repudia qualquer tipo de violência contra mulheres”. “O motorista parceiro foi banido e estamos à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações”, diz o texto.  “Acreditamos na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência contra a mulher”.

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