
Uma testemunha confirmou em depoimento que ouviu Cristiana Brittes dizendo à filha que fizesse alguma coisa porque ela sabia como era seu pai
A Justiça do Paraná tornou público na tarde desta quinta-feira (21) os conteúdos de todos os depoimentos colhidos na primeira fase das audiências de instrução do processo sobre o assassinato do jogador Daniel Corrêa, ocorrido em outubro de 2018. Treze testemunhas de acusação, entre elas, cinco sigilosas, prestaram depoimento entre os dias 18 e 20 de fevereiro.
A primeira testemunha ouvida, que não pode ter sua identidade relevada, confirmou que Cristiana Brittes disse à filha que fizesse algo, pois ela sabia como seu pai era. “Ela disse: Allana, não deixa o seu pai fazer isso aqui dentro de casa, você sabe como ele é”, afirmou à juíza Luciane Regina Martins de Paula. Sobre a declaração de Cristiana, ao ser indagada pelo advogado de defesa da família Brittes, Cláudio Dalledone, a testemunha reiterou ter ouvido, mas disse que em seu ponto de vista não foi um incentivo para cometer o crime.
Depoimento sobre o desenrolar dos fatos
A testemunha explicou que não conhecia a família Brittes e foi até a festa de aniversário de Allana, na casa noturna, a convite de amigos em comum. Segundo ela, no fim da noite, o consumo de bebida alcoólica de Cristiana era bem alto e que ela “dançava até o chão”.
Mais tarde, por volta das 6h10, eles seguiram, em um carro de aplicativo de transporte, para a residência de Allana. Algum tempo depois, Edison então saiu para comprar bebida. “Eu lembro que quando ele saiu, eu não vi mais o Daniel, não notei mais a presença dele ali”.
Ela ainda lembra que só tomou conhecimento da confusão quando ouviu uma gritaria e encontrou Cristiana na porta do quarto com cara de chocada. “Eu escutei uma gritaria […] Daí, começou a todo mundo correr na casa, não lembro quem eram as pessoas que estavam descendo a escada, daí cheguei na sala, tava a Cristiana de pé na porta, chocada, com uma cara de nervosa, na porta do quarto e a porta do quarto estava fechada. Daí, puxavam a porta abriam, fechavam. Eu vi que uma hora que abriram a porta, eu vi que tinham duas pessoas em cima do Daniel, no caso eu nem sabia que era ele, mas via que ‘tavam’ batendo muito nele, depois de cinco minutos, o Edison saiu pela porta arrastando o corpo dele no chão, já todo ensanguentado”. Do lado de fora do quarto, a testemunha conta que Daniel continuou a ser espancado e que foi então que tiraram a cueca dele.
Impedida de chamar o SAMU por Edison
A testemunha ainda lembra que tentou chamar o SAMU, mas foi impedida por Edison. “Eu estava chorando, desesperada, não sabia o que fazer e comentei de chamar o SAMU. Primeiro, pedi para [outra testemunha sigilosa] ir lá e tentar separar, ele voltou e falou ‘realmente, não tem o que fazer, eles não vão parar de bater no menino. Foi quando eu falei ‘então, vou chamar o SAMU, daí o Edison veio até mim e falou que não era para eu chamar ninguém, que enquanto ele estivesse ali, ninguém ia poder fazer nada”.
Ela também afirmou que entrou na casa, mas por um momento espiou e viu Edison pegar uma faca grande de cortar carne. A testemunha declarou que não chegou a ver Daniel ser levado da residência.
Cristiana pediu para marido não bater no jogador
A testemunha também explicou que depois que Edison saiu com o jogador, ela e outros amigos seguiram para um apartamento onde conversaram sobre o ocorrido. Lá, eles teriam dito que Cristiana pediu para o marido não bater no jogador e não falou nada sobre ser estuprada.
Encontro com os Brittes
Ela também conta que não quis encontrar com Edison e Allana na noite do crime, mas que a amiga que foi ao encontrou contou que ele pediu desculpas, que não era a intenção dele fazer o que fez, mas que mexeu com a família dele e alegou que qualquer pessoa no lugar dele faria o mesmo. E que elas iriam ver pelos jornais que ele havia decepado o pênis de Daniel e caso fossem procuradas pela polícia, deveriam afirmar que ele foi embora sozinho e ninguém sabe para onde.
Acusados pela morte do jogador:
Edison Brittes (38 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor e coação no curso do processo;
Cristiana Brittes (35 anos): homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;
Allana Brites (18 anos): coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor;
Eduardo da Silva (19 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
Ygor King (19 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
David Willian da Silva (18 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e denunciação caluniosa;
Evellyn Brisola (19 anos): denunciação caluniosa, fraude processual, corrupção de menor e falso testemunho. Evellyn é única que não está presa.
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