Curitiba - Dia 11 de março de 2023, o vereador de Piraquara, Evandro da Rocha, cumpria agenda política nos bairros da cidade. Ao lado dele, a esposa Ana Paula Santos Rocha. Advogada por formação, Ana Paula o acompanhava em todos os atos públicos. Naquele dia, tudo corria normal. Era mais uma agenda trivial do casal. O que eles não sabiam é que depois daquela noite lutariam por anos para provar inocência em um caso de violência doméstica que nunca existiu.
Declarado único vereador de oposição da administração municipal da época, Evandro acumulava diversos adversários políticos. As discussões eram sempre acaloradas.

Naquela noite, segundo testemunhas, não foi diferente. Ao chegar a uma festa, o vereador deu de frente com um adversário, e a confusão começou. Os ânimos foram acalmados, e a esposa de Evandro se retirou rapidamente do local.
O casal foi para casa e discutiu por alguns minutos. Como advogada, Ana alertava não só sobre prejuízos políticos, mas também sobre os riscos cíveis e criminais que ele corria caso não controlasse o temperamento.
Enquanto discutiam, uma viatura da Polícia Militar chegou. Os policiais disseram ter recebido denúncias de um homem bêbado que estaria batendo na mulher.
Negativa de agressão e prisão em flagrante
Aos policiais, o casal admitiu a discussão, no entanto, Ana negou qualquer agressão e afirmou que não se tratava de violência doméstica, mas de uma discussão de casal.
Os PMs insistiram que o caso deveria ser levado à delegacia. Evandro da Rocha discutiu com eles e acabou preso por resistência. A esposa foi encaminhada junto à delegacia.
Lá, novamente, ela negou ser vítima de violência doméstica. Explicou que o casal havia discutido e que, com a chegada da PM, esclareceu que não existia crime a ser registrado. Mesmo assim, os policiais seguiram com o registro e levaram todos à DP de Piraquara.
Em depoimento, contrariando a versão da esposa, um policial disse que ela estava com a orelha machucada e que teria caminhado seis quilômetros até chegar em casa. Segundo ele, o marido a teria abandonado na rua, à noite, após a festa.
A prisão em flagrante de Evandro da Rocha foi realizada, e a imprensa foi avisada quase que imediatamente. Ele virou notícia do dia e da semana em todo o estado. Para piorar, dias antes da prisão, havia postado um vídeo em homenagem à mulher e ao Dia Internacional das Mulheres. O conteúdo virou munição para reforçar a narrativa de violência.
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Esposa desmente policiais ao juiz
Ainda naquela noite, Ana Paula foi ouvida pelo juiz platonista em audiência. Negou ter sido abandonada pelo marido e disse que era mentira ter caminhado seis quilômetros. Reforçou que Evandro nunca a havia agredido, nem naquele dia.
O juiz perguntou se desejava medida protetiva de urgência. Ela respondeu que não e disse que voltaria para casa, onde seguiria morando com o marido. Reiterou que ele não era agressor e que continuaria ao lado dele.
Justiça diz não haver provas e arquiva o caso
O caso seguiu para a justiça. O Ministério Público analisou a denúncia e concluiu não existir indícios mínimos de agressão.
Na mesma linha, o juiz entendeu que a denúncia não se sustentava e que não havia prova de violência doméstica. O caso, que nunca existiu, foi arquivado. Ouvia pela coluna, a advogada lamentou toda a exposição dada ao caso que sequer existiu. Nunca vou esquecer a madrugada do dia 11 de março de 2023, data em fomos abordados por policiais na frente de nossa residência sob a falsa acusação de violência doméstica.Mesmo eu declarando aos policiais que não tinha sido vítima de agressão, colocaram palavras na minha boca”, disse.
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Evandro sequer foi denunciado
O mais surpreendente é que Evandro nem chegou a ser denunciado. A justiça não reconheceu indício de crime para abrir ação criminal contra ele.
O arquivamento não ocorreu apenas pela palavra da vítima, que desmentiu a versão do policial. O caso foi encerrado antes mesmo de ser denunciado porque não havia prova alguma de agressão ou abandono.
Não há câmeras mostrando a mulher sendo deixada na rua. Não há testemunhas na festa que confirmem discussão do casal. A justiça não encontrou nada e comprovou que o crime nunca existiu.
O único registro de confusão naquela noite é a discussão de Evandro com um adversário político. Se há relação entre os fatos? A justiça não buscou, afinal seu trabalho era investigar a denúncia de violência doméstica, que no final, descobriu, nunca existiu. No Final, Ana e Evandro lamentam a condenação pública e moral da família, do casal, da vida profissional e da carreria pública de Evanrdo. A pena foi alta, por um crime que nunca existiu.
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