PF indicia 'Sheik dos Bitcoins' por 5 crimes e avalia que golpes ultrapassaram R$ 1 bilhão

por Daniela Borsuk
com informações da Polícia Federal
Publicado em 12 dez 2022, às 13h05.

Francisley Valdevino da Silva, o “Sheik dos Bitcoins”, foi indiciado por cinco crimes pela Polícia Federal após a conclusão das investigações da Operação Poyais. Francisley passou a ser alvo da polícia após denúncias de golpes relacionados a criptomoedas que teriam sido feitos por uma empresa de Curitiba e foi preso no dia 3 de novembro deste ano, após descumprimento de medidas cautelares impostas pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR.

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A ação apurava a prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa. Ao todo, seis pessoas foram indiciadas. De acordo dom a Polícia Federal, o dano provocado pela organização criminosa pode ter chegado a R$ 1.150.000.000,00 (um bilhão, cento e cinquenta milhões de reais).

De acordo com a Polícia Federal, o Sheik dos Bitcoins, principal investigado e líder da organização criminosa (clique e saiba quem é), foi indiciado pelos seguintes crimes:

  • crimes de constituição de organização criminosa – 3 a 8 anos de reclusão;
  • estelionato – 1 a 5 anos de reclusão;
  • obtenção de ganhos ilícitos em detrimento de número indeterminado de pessoas mediante processos fraudulentos – 6 meses a 2 anos de detenção;
  • lavagem internacional de dinheiro – 3 a 10 anos de reclusão;
  • oferecimento de valores mobiliários sem registro prévio junto à autoridade competente – 2 a 8 anos de reclusão.

Caso pegue pena máxima em todos os crimes dos quais foi indiciado, Francisley pode pegar 33 anos de prisão.

Investigações da Polícia Federal

De acordo com a Polícia Federal, além da conclusão das análises de materiais obtidos ao longo da fase sigilosa da investigação, foram também examinados pelas equipes de policiais os equipamentos eletrônicos e documentos apreendidos com os investigados.

Foram ainda realizadas diversas oitivas de testemunhas, ex-funcionários, vítimas e pessoas com informações relevantes à apuração dos crimes. A todos os investigados também foi oportunizado apresentarem suas versões dos fatos.

Com todo o conteúdo fático-probatório produzido, após análise técnico-jurídica dos fatos sob apuração e a devida individualização das condutas praticadas, 6 (seis) pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal.

Apurou-se, em síntese, que existiu uma organização criminosa com atuação nacional e internacional que, de forma estruturada e com divisão de tarefas, promoveu a prática de fraudes no Brasil e no exterior mediante diversas plataformas virtuais e empresas relacionadas a criptoativos e marketing multinível, corriqueiramente envolvendo captação de recursos com oferecimento de pagamentos de rendimentos superiores ao usualmente encontrados no mercado.

Segundo divulgado pelos criminosos, os valores investidos seriam rentabilizados mediante atividades de trading com criptomoedas. A investigação logrou êxito em comprovar que nunca houve rentabilização dos recursos das vítimas. Tão logo os valores ingressavam nas contas e carteiras de criptoativos do grupo criminoso, deles imediatamente se apropriavam os indiciados, utilizando um pequeno percentual dos recursos para pagamento mensal das vítimas e gastando o restante conforme seus interesses particulares (clique e veja como era a vida luxuosa do Sheik dos Bitcoins).

O processo investigativo foi então encerrado e encaminhado ao Ministério Público Federal, ao qual compete análise das provas produzidas e o eventual oferecimento de denúncia para início de ação penal contra os indiciados.
No âmbito da Polícia Federal, ainda estão realizados procedimentos internos para futuro encaminhamento, em esfera judicial, dos bens apreendidos com os criminosos.