O policial militar Diogo Costa Coelho acusado de assassinar sua ex-esposa Andriely Gonçalves da Silva, de 22 anos, em maio de 2018, na Grande Curitiba, continua recebendo seu salário de militar. (Assista reportagem abaixo)
De acordo com o Portal da Transparência, o último pagamento feito é referente ao mês de abril e o ganho é de R$ 4.256, 67.

Diogo foi preso ainda em maio, antes mesmo do corpo de Andriely ser encontrado, e foi indiciado por feminicídio pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). Segundo a denúncia, ele matou a ex-companheira asfixiada com um saco plástico, por não aceitar o fim do relacionamento entre os dois e o envolvimento dela com outro homem, e jogou o corpo na Serra da Graciosa.
Conforme a advogada Eliane Faustino, que representa os interesses da família da vítima, o julgamento, em júri popular, que estava marcado para 21 de maio deste ano foi suspenso devido a pandemia do novo coronavírus.
O policial e a estudante de direito foram casados por quatro anos e estavam separados há seis meses quando o crime ocorreu. De acordo com testemunhas, o ex-companheiro estaria tentando reatar o relacionamento. Familiares da vítima também contaram que o comportamento agressivo de Coelho era um dos motivos pelos quais Andriely decidiu colocar um fim no casamento.
Relembre o caso
Andriely foi vista pela última vez na madrugada do dia 9 de maio. Na ocasião, ela estava sozinha em seu apartamento no bairro Alto Maracanã, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, e conversava por chamada de vídeo com um amigo quando fez uma cara de pânico, conforme a testemunha, e a chamada caiu. Pouco tempo antes, ela teria dito ao amigo que acreditava que alguém havia entrado no local, já que a porta estava destrancada.
Antes de ser preso, o policial militar chegou a usar as redes sociais da ex-mulher para forjar que ela ainda estava viva em conversas com familiares. Ele também foi com a ex-sogra até o apartamento para ver se encontravam alguma pista que pudesse ajudar no caso. No entanto, na ocasião, a mulher percebeu que ex-genro apresentava vários arranhões pelo corpo e se contradizia em certos momentos.
“Eu estranhei porque ele estava com muitos arranhões, no pescoço, no rosto. Eu perguntei vocês brigaram? Ele respondeu ‘não’. Eu falei ‘E esses arranhões?’ E ele me disse ‘Foi em uma ocorrência que eu tive’. Aí, eu perguntei para ele: Com qual mochila que a Adriele foi embora, Diogo? Ele de repente me respondeu: Com uma mochila preta. Ai eu disse ‘Como você sabe que é uma mochila preta se você disse que não estava no apartamento?’. Aí, ele se calou”, explicou a mãe na época.
Logo Coelho se internou no Hospital Militar de Curitiba com problemas psicológicos. Conforme o seu advogado, o cliente estava deprimido e teria sofrido uma crise de pânico.
Policial é preso como principal suspeito
No dia 19 de maio, ele foi detido como o principal suspeito pelo então desaparecimento da vítima. Imagens de câmeras de segurança flagraram ele e Andriely deixando o condomínio onde a jovem vivia por volta das 3 horas da madrugada, no dia em que ela sumiu. Além disso, um dia após o desaparecimento, ele foi filmado novamente, dessa vez voltando sozinho ao apartamento.

O corpo de Andriely foi localizado na noite de 8 de junho, um mês depois do sumiço, em uma mata às margens da Estrada da Graciosa, entre Curitiba e Morretes, no litoral do Paraná, em avançado estado de decomposição. A confirmação de que se tratava mesmo da jovem desaparecida só pode ser feita após o reconhecimento da arcada dentária.
Durante a investigação, peritos encontraram vestígios de sangue de Andriely no banco traseiro carro e no porta-malas do carro do policial, além de comprovarem que as botas de Coelho estavam sujas com o mesmo barro do local onde o corpo da vítima foi encontrado.
Acredita-se que o policial tenha invadido o apartamento da ex-mulher já que apesar de não morar mais no local, ele ainda possuía as chaves da porta.
Em seus depoimentos, Coelho negou que soubesse do paradeiro da ex-mulher e chegou a acusar outro PM – que também estava preso pelo assassinato de uma jovem e por alguns estupros – de ter matado Andriely. À polícia, ele sempre sustentou a versão de que na madrugada do sumiço, teria dado carona para Andriely e a deixado sozinha em uma rua das proximidades. Por outro lado, em determinado momento, ele declarou para a mãe da vítima que a ex-mulher havia se jogado do carro em movimento.