O policial militar acusado de matar Leandro Cordeiro, de 18 anos, e ‘plantar’ uma arma embaixo do corpo do motociclista foi solto na noite desta segunda-feira (14). Wanderson Teixeira Rigotti estava preso desde junho deste ano no Batalhão de Polícia de Guarda, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. 

A decisão de soltura do PM foi da juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais. A magistrada revogou a prisão baseada na Lei de Abuso de Autoridade, que passou a vigorar em setembro.

PM acusado de ‘plantar’ arma terá que cumprir medidas cautelares

Para permanecer em liberdade, o policial deverá cumprir as mesmas medidas cautelares comuns aos civis, como: 

  • comparecimento periódico mensal em juízo para justificar suas atividades;
  • proibição de frequentar bares e casas noturnas; 
  • proibição de entrar de manter contato, direto ou indiretamente, com testemunhas, outros acusados ou vítimas do caso;
  • proibição de sair da Comarca sem autorização prévia; 
  • recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga.

Entenda o caso

No dia 21 de abril, no domingo de Páscoa de 2019, Leandro, que não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH), e outros três amigos estavam empinando suas motocicletas em uma área de loteamento em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, quando foram surpreendidos pela viatura da Polícia Militar

A família admitiu que o jovem não tinha CNH, mas negou que ela andava armado ou mesmo possuía um revólver. (Foto: Reprodução/RIC Record TV)

Para não terem os veículos apreendidos, os jovens fugiram da abordagem e deram início a uma perseguição policial. Leandro foi morto durante a fuga, quando já havia alcançado a BR-277 e se separado dos companheiros. 

Na ocasião, os policiais Jeferson dos Santos e Wanderson Teixeira Rigotti alegaram que o rapaz foi morto durante confronto, após disparar contra a viatura com a arma que foi encontrada embaixo do seu corpo

PM foi filmado enquanto plantava arma embaixo do corpo

O caso sofreu uma reviravolta, dias depois, quando imagens de câmeras de segurança posicionadas na BR-277 foram divulgadas. Os vídeos registraram os PM’s perseguindo o motociclista, mas em nenhum momento o jovem aparece armado. 

Os policiais militares foram filmados durante a ação. (FOTO: DIVULGAÇÃO/MP-PR)

Na sequência, o sistema de monitoramento mostra os dois policiais já próximos ao corpo do jovem caído às margens da rodovia e é possível ver quando Rigotti se aproxima do motociclista, se agacha e levanta rapidamente. Segundo a perícia, neste instante o PM colocou a arma próximo ao corpo da vítima e ainda deu alguns chutes para que ela ficasse embaixo da rapaz

MP-PR denuncia policiais 

Conforme a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o policial militar Rigotti atirou na vítima apenas porque o jovem não obedeceu a ordem para parada e não porque ela efetuou disparos contra a viatura. 

Ele foi indiciado por homicídio por motivo torpe e sem chances de defesa a vítima e fraude processual, já que implantou uma arma no local do crime

Já Jeferson dos Santos, o outro PM que acompanhava a ação, foi denunciado por fraude processual. 

Advogado admite que policial plantou arma embaixo de motociclista morto

Em agosto, o advogado Jeffrey Chiquini, que defende o policial Rigotti, admitiu em entrevista o policial militar coloco a arma embaixo do motociclista morto. Segundo o defensor, o PM tomou a atitude porque ficou com medo de ser mal interpretado

“Ele se aproxima do corpo de se surpreende, o armamento não estava ali com Leandro. Dominado pelo estresse, preocupado, esse homem honrado que estava protegendo a sociedade retorna a sua viatura, vai novamente ao local do confronto a procura do armamento, retornando ao local do confronto, ele encontra aquele armamento caído exatamente no local do confronto entre as duas pistas. Ele apreende aquele armamento, retorna ao local onde está o corpo de Leandro e, preocupado em ser mal interpretado, ele decide devolver aquele armamento ao ser anterior possuidor”, disse.