A Polícia Civil do Paraná, por meio da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, desencadeou nesta terça-feira (13) a Operação Armagedom, que desarticulou uma quadrilha especializada em roubo de caminhões em todo país. A estimativa é de que o grupo tenha causado um prejuízo de mais de R$ 100 milhões a empresas de transporte e caminhoneiros. Vinte e nove pessoas foram detidas até o momento.

“A investigação não se resume ao Paraná, onde a quadrilha estava sediada. Ela chega também a várias cidades do Brasil, pois se trata de uma das maiores quadrilhas de receptação de caminhões de origem ilícita no país”, afirmou o delegado-titular da Delegacia, Cassiano Aufiero.

O delegado explicou que a quadrilha fazia praticamente o ciclo completo deste tipo de atividade criminosa. Além de roubar, receptava e adulterava veículos de todas as espécies, principalmente caminhões.

“A Polícia Civil espera que com a desarticulação desta quadrilha e a prisão dos envolvidos, diminua a quantidade de furtos e roubos de caminhões em nossas rodovias”, disse o delegado.

A investigação, que já dura aproximadamente 11 meses, terminou com a decretação de 40 mandados de prisão e 110 mandados de busca e apreensão em Curitiba e Pinhais, além das cidades de Medianeira, Maringá, Santa Terezinha do Itaipu, Vera Cruz do Oeste, São Miguel do Iguaçu e Foz do Iguaçu.

“Tudo começou com a apreensão de um módulo de caminhão (computador de bordo, que recebe o nome de centralina) numa oficina mecânica, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Junto com esta peça havia uma nota fiscal da origem da mesma”, contra o delegado. “Esta peça estava ‘limpa’, ou seja, os dados haviam sido apagados pela quadrilha. A partir daí, começamos a investigar todo caminho que esta peça roubada percorreu até chegar a esse destino”.

Entre os presos estão Leocir Vitorino Seganfredo, 51 anos, ex-policial militar, expulso da corporação, e André Luiz Marafon, 22 anos, que juntos chefiavam a organização criminosa, que vinha utilizando diversas empresas de fachada com o objetivo de enganar os órgãos de controle do Estado.

Cerca de 150 policiais Civis trabalharam na operação. São profissionais da Delegacia de Frutos e Roubos de Veículos, Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) e da 15.ª Subdivisão Policial de Cascavel.

Esquema
Em regra, o esquema funcionava da seguinte maneira: a pessoa tinha o motor danificado e os procurava. A quadrilha oferecia o motor com preço bem abaixo do praticado no mercado e inclusive o fornecia com a mesma numeração daquele que estava danificado. Quanto a numeração de chassi, a quadrilha também remarcava o chassi de veiculos sinistrados ou roubados. Veículo com dividas em banco ou financiados também eram desmanchados pelo bando, de forma com que o proprietário do veículo recebesse o seguro, pois o mesmo em diversos casos dava queixa de furto ou roubo, cometendo assim crime de estelionato e falsa comunicação de crime. “Existe ainda suspeitas de envolvimento de diversas empresas de grande porte localizadas em diversas cidades no Brasil, que serão todas investigadas”, afirmou Aufiero.

Os envolvidos serão indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, receptação, roubo, furto, lavagem de dinheiro, estelionato, falsidade documental e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.