Cascavel - A Polícia Civil do Paraná (PCPR) revelou detalhes do modo de atuação de um padre preso preventivamente em Cascavel, no Oeste do estado, suspeito de abusar sexualmente de pelo menos seis vítimas, entre elas, quatro adolescentes. Conforme a investigação, os primeiros indícios de comportamento abusivo surgiram ainda em 2010, quando o religioso era seminarista, mas, mesmo assim, continuou atuando normalmente na Igreja.
De acordo com a delegada Thais Zanatta, responsável pelas investigações, o padre utilizava estratégias como oferecer bebidas alcoólicas, dinheiro e presentes a crianças e adolescentes da paróquia. A maioria das vítimas pertencia a famílias em situação de vulnerabilidade social e participava de projetos mantidos pela Igreja.
“Esse padre, em uma igreja aqui de Cascavel, tinha os acólitos, e ele oferecia bebidas alcoólicas para esses adolescentes e crianças (tinham menores de 14 anos), ele dava presentes, dinheiro, essas crianças e adolescentes até pernoitavam na casa do padre, inclusive, na cama do padre”, afirmou a delegada em entrevista à RICtv Oeste.
A prisão preventiva ocorreu na última sexta-feira (22), após a polícia concluir que o padre estava tentando coagir testemunhas, entrando em contato com algumas das vítimas identificadas.
Encobrimento e omissão
Um outro ponto apontado pela Polícia Civil envolve o papel do ex-arcebispo de Cascavel, Dom Mauro Aparecido dos Santos, que morreu em 2021. Segundo as investigações, o arcebispo teria acobertado os abusos cometidos pelo então seminarista.
“Ele acabou passando pano para esses abusos cometidos por esse seminarista. Eles tinham um vínculo bem próximo e há relatos que esse arcebispo cometia assédios contra outros seminaristas, inclusive dentro da cúria”, explicou a delegada Thais Zanatta.
Um ex-seminarista que morou com Dom Mauro relatou à Polícia que o então arcebispo tinha comportamento inadequado com jovens seminaristas.
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“Não tenho provas dos atos cometidos com ele, mas toda vez que íamos assistir uma TV, algo em grupo, ele pedia para deitar no colo de algum dos meninos e começava a acariciar (as vítimas)”, declarou a testemunha, cujo nome não foi divulgado.
Cúria Metropolitana de Cascavel se manifesta
Desde o surgimento das denúncias, a Cúria Metropolitana de Cascavel se manifestou por meio de vídeo, divulgado à imprensa. No material, o atual arcebispo, Dom José Mário, explicou os procedimentos adotados internamente em relação ao padre investigado, mas evitou mencionar qualquer acusação envolvendo seu antecessor.
Assim que uma denúncia chegou a mesa do bispo, se tornou oficial, e rapidamente demos os encaminhamentos. Suspendemos o padre, como recomenda o direito canônico, e também abrimos uma investigação. Rapidamente, esse processo já está em andamento, temos o prazo de 90 dias da diocese e depois encaminhamos para a congregação da doutrina da fé ou clero, no Vaticano, onde eles farão o julgamento. E se de fato for confirmado que houve pedofilia a decisão de Roma tem sido clara: é demissão do estado clerical; ele deixará de ser padre”, apontou.
A Polícia Civil já ouviu 11 pessoas durante o inquérito, incluindo as seis vítimas diretamente ligadas ao caso. Todos os relatos colhidos até agora apontam um padrão de abordagem: o religioso utilizava sua posição de autoridade, somada a promessas de recompensas materiais, para se aproximar e manipular os jovens.
Dispositivos eletrônicos apreendidos com o padre estão sendo analisados e podem revelar novas vítimas ou provas adicionais que reforcem as acusações. As investigações continuam
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Repórter
Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.
