Policiais de Guarapuava são investigados por mensagens contra superiores após ataque

Publicado em 7 jul 2022, às 11h30. Atualizado às 12h59.

A Polícia Militar do Paraná (PMPR) instaurou um inquérito para investigar a conduta de 32 policiais do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM), lotado em Guarapuava, na região central do estado. De acordo com a investigação, os envolvidos teriam se alterado em um grupo de whatsapp, após a morte do cabo Ricieri durante um ataque a cidade, e realizado comentários desrespeitosos a superiores hierárquicos.

Na última segunda-feira (4), o deputado Soldado Fruet (PROS) cobrou na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) um posicionamento do governo do Estado do Paraná, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP) e do Comando-Geral da Polícia Militar do Paraná (PMPR) sobre a abertura de um inquérito policial-militar (IPM).

“Eu não quero acreditar no que acabei de receber: 32 policiais militares que estavam na situação de Guarapuava, em que perdemos um policial, estão passíveis de serem punidos por terem comentando ou batido palmas em um grupo de Whatsapp”, disse o Soldado Fruet. Ele complementou: “abriram um IPM contra nossos heróis, guerreiros, que quase morreram em Guarapuava, por comentarem sobre algo que eu mesmo questionei aqui em plenário, que não existiu plano de contingência”.  

O deputado ainda destacou na fala que “hierarquia e disciplina não podem ser usadas como mordaça”. Assista a declaração do Soldado Fruet.

Denúncia de policiais em Guarapuava repercute

Em um documento enviado ao comando do 16º BPM no dia 29 de junho, foi informado que seria aberto um procedimento para avaliar a conduta de 32 policiais militares. A investigação teve início após uma denúncia de um capitão ao comandante do batalhão. 

No ofício de citação de indiciamento dos policiais militares, produzido em Telêmaco Borba, um tenente-coronel recebeu a denúncia contra 27 soldados, três cabos e dois sargentos.

Diante do inquérito, a Associação dos Praças do 16º BPM emitiu uma nota relatando as ocorrências e destacando o momento em que as declarações foram realizadas.

“Cabe informar os cidadãos que tais comentários ocorreram no fatídico dia da morte do Sgt Ricieri Chagas, e que diante da revolta de seus irmãos de farda e das falácias realizados pelo ex-secretário de segurança pública e demais oficiais, os quais insistiam que existia um plano de contingência e que o mesmo teria sido executado com total perfeição. Diante disto e pela perda do irmão de farda, cerca de 30 policiais militares tomados pela emoção da perda e pelo sentimento de impunidade somado às declarações falsas noticiadas em rede nacional, questionaram no grupo da 1ª Cia sobre de quem seria a culpa, quem seriam os responsáveis por essa perda e sem a faltar com o respeito ou ferir a honra de qualquer autoridade expressaram de maneira firme o descontentamento e revolta que sentiam no momento”,

informou em nota.

Na nota, a associação ainda repudiou a denúncia, que pode gerar prejuízos aos policiais citados no inquérito.

“Informamos que estes 30 Policiais Militares denunciados de forma covarde, se forem condenados além de terem todos os transtornos referentes a suas condutas, podem incorrer em crime militar podendo até serem licenciados a bem da disciplina. Não seria justo com quem lutou para defender a cidade de Guarapuava no dia 17 de abril, e vem com determinação cumprindo a atividade-fim da Polícia Militar”,

concluiu.

Em nota, a Polícia Militar informou que o inquérito foi instaurado motivado por “comentários desairosos e desrespeitosos, oriundos de aplicativo de mensagens” e que as “ações, comportamentos, posturas e atitudes como as que ensejaram a instauração deste IPM, ao mundo civil podem parecer absurdas, no entanto, ao Militar Estadual estão devidamente previstas na legislação peculiar”. Veja na íntegra:

“Os fatos ocorridos em Guarapuava em 17 de abril de 2022, ensejaram a instauração de dois Inquéritos Policiais Militares (IPM) distintos. O primeiro IPM, que apurou as situações de defesa territorial e os confrontos ocorridos, instaurado pelo Comandante-Geral, foi concluído e remetido à Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual (VAJME), sem que qualquer Militar Estadual tenha sido indiciado.

O segundo IPM, foi instaurado pelo Comandante do 4º Comando Regional de Polícia Militar, motivado por comentários desairosos e desrespeitosos, oriundos de aplicativo de mensagens. Objetiva mediante o devido processo legal, esclarecer eventuais autorias e materialidade de crime. Salientamos que após conclusão, este IPM será remetido à VAJME, onde um representante do Ministério Público atuante nesta Vara especializada, mediante acurada análise decidirá sobre o oferecimento ou não de denúncia ao Juízo competente.

Ressaltamos derradeiramente que, ações, comportamentos, posturas e atitudes como as que ensejaram a instauração deste IPM, ao mundo civil podem parecer absurdas, no entanto, ao Militar Estadual estão devidamente previstas na legislação peculiar.”