Analista disse que pedido para instalar equipamento foi “com urgência”
O analista do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal Dalmey Fernando Werlang afirmou à Justiça Federal no Paraná que os delegados da Operação Lava Jato pediram para ele instalar “com urgência” um equipamento de escuta ambiental em uma das celas da Custódia da PF em Curitiba.
Werlang disse que os autores do pedido são: os delegados Igor Romário de Paula – delegado regional de combate ao crime organizado -, Márcio Adriano Anselmo e Rosalvo Ferreira Franco, superintendente regional da corporação no Estado.
O depoimendo do analista aconteceu na quarta-feira (16). Ele foi chamado como testemunha arrolada pela defesa de um dos executivos ligados à empreiteira Odebrecht, presos desde 19 de junho na fase Erga Omnes da Lava Jato. De acordo com Werlang, o pedido dos superiores foi feito horas antes da chegada do doleiro Alberto Youssef à carceragem.
O analista foi denunciado criminalmente em agosto pelo Ministério Público Federal por calúnia contra seus superiores. A Lava Jato suspeita que Werlang tenha se engajado na estratégia de contrainteligência montada por investigados para colocar em xeque a investigação. “Eu não sabia do que se tratava”, declarou o analista. Ele afirmou que montou o aparelho de escuta ambiental “com auxílio de a colega do Núcleo de Inteligência, Maria Inês, e com apoio de duas pessoas da Custódia”.
Alvará judicial
O analista disse que comentou com o delegado Igor que não havia condições de fazer a análise do conteúdo do grampo. “Ele (Igor) disse que precisava só da coleta e que era para passarmos o material em mídia para o delegado Márcio (Anselmo). A gente estava entendendo que seria uma demanda judicial.”
Depois de algum tempo, de acordo com o depoimento do analista, o delegado Igor lhe pediu para “apagar tudo o que existe”. “Eu perguntei (ao delegado), você não tinha alvará judicial para essa demanda? Ele respondeu: ‘Pior que não, a situação foi essa.’”
O advogado que defende o doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, perguntou ao analista se a escuta era direcionada a seu cliente. “Posteriormente, eu fiquei sabendo que sim. O conteúdo era entregue para o delegado Márcio e, na ausência dele, para a delegada Érika.” Werlang acrescentou ainda que “não foi ouvido” na sindicância aberta pela Corregedoria da PF.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.