Asteclínio teve o avião abatido pelo exército peruano por suspeita de tráfico
O piloto brasileiro Asteclínio da Silva Ramos Neto, preso no Peru depois de ter o avião abatido pelas forças armadas do país, recebeu na terça-feira (2) a primeira visita do advogado, Rodrigo Faucz, e da sua mãe, Vera Lúcia, em um presídio localizado em Satipo. Segundo Faucz, o curitibano está 20 quilos mais magro, com dificuldades de se locomover, dormir, respirar e até de ficar com a coluna ereta em razão do projétil alojado em seu abdômen. Outra consequência dos tiros, segundo o advogado, foi que Asteclínio perdeu parte do abdômen. “Tivemos a informação de que o projétil continua alojado e, provavelmente, é de calibre grosso, 7,62 mm. Está próximo a coluna”.
O defensor teve acesso à parte do processo e, segundo o advogado, a acusação é de conspiração para o tráfico de drogas. Como não foram encontradas drogas, a acusação afirma que os indícios demonstram que ao menos eles teriam “conspirado” para o tráfico. Esta acusação se baseia em uma pretensa declaração do co-piloto, feita quando estava sendo atendido por médicos e sob efeito de anestesia, e teria concordado com o que foi dito pelo interrogador. “É uma acusação baseada em ilações e afirmações vagas. Dizer que há um a conspiração para o tráfico, sem qualquer prova, é uma temeridade. O Asteclínio não tem e nunca teve envolvimento com qualquer atividade criminosa e disponibiliza todos os dados telefônicos, bancários, e de informações para comprovar sua idoneidade”, afirmou o advogado do curitibano. Ele deve entrar com o pedido de liberdade do curitibano ainda essa semana.
Ele afirma que após a visita ao piloto, todos ficaram muito preocupados. “O Asteclínio precisa urgentemente de atendimento médico adequado. Não é possível que alguém com um projétil de grosso calibre alojado próximo à sua coluna, sem poder sequer dormir adequadamente, esteja preso nestas condições”, diz.
Sobre o fato que esta sendo divulgado de que ele não estava com sua licença de voo regularizada, “é importante que saibam que são dois fatos absolutamente distintos. O fato de eventualmente o registro estar suspenso, não legitima a agressão covarde efetuada pelas forças aéreas peruanas. Tampouco possui qualquer influência nesta absurda acusação de ‘conspiração’ para o tráfico”, diz Faucz.