O ex-diretor da área de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, chegou na manhã desta quarta-feira (14), à Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde ficará preso preventivamente. Cerveró foi detido nesta madrugada, ao desembarcar no Rio de uma viagem a Londres.
Momentos depois de sua chegada, ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. Ele foi transferido do Rio para Curitiba porque a Justiça Federal no Paraná concentra as ações da Operação Lava Jato, sob o comando do juiz Sérgio Moro.
A Justiça Federal decretou a prisão preventiva do acusado por novos fatos revelados nos autos da Operação Lava Jato. Para a procuradoria, existem “fortes indícios” de que o ex-diretor continue praticando crimes, como a ocultação do produto e proveito do crime no exterior, e pela transferência de bens (valores e imóveis) para familiares. Além disso, há evidências de que ele buscará frustrar o cumprimento de penalidades futuras. De acordo com informações fornecidas pelo COAF logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso forense, o ex-diretor tentou transferir para sua filha meio milhão de reais – mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da aplicação financeira. Cerveró também transferiu recentemente três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil. Para o MPF, a custódia cautelar é necessária, também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso.
O ex-diretor, que atuou na área de Internacional da Petrobras entre 2003 e 2008, prestará depoimento ao Ministério Público Federal do Rio nesta quinta-feira.
Cerveró já é réu em uma ação penal na qual é acusado de participar do esquema de desvios da Petrobras. Segundo os investigadores da Operação Lava Jato, que desbaratou o esquema em março do ano passado, o ex-diretor da área Internacional da estatal atuava na cota do PMDB.