Trabalhadores podem parar o transporte coletivo da cidade caso o colega não seja liberado

Um motorista de ônibus foi preso na manhã desta terça-feira (26) enquanto protestava no terminal de São José dos Pinhais. De acordo com informações do sindicato da categoria, Marcos Michelevski foi detido no momento em que empunhava uma faixa em frente dos ônibus que saíam do terminal, com dizeres contra a empresa que administra o transporte no município. A categoria afirma que a companhia descumpre a lei que desde o dia 21 de fevereiro estabelece o fim da dupla função na cidade.

Após saber do ocorrido, motoristas e cobradores definiram a paralisação do transporte coletivo na cidade a partir do meio dia desta terça (26), até que o trabalhador seja liberado. Ônibus foram levados para frente da delegacia em sinal de protesto.

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, relatou que considera um absurdo o ocorrido. “Pensávamos que o direito à livre manifestação estava garantido no Brasil e no Paraná, mas parece que estamos regredindo no tempo. As empresas não cumprem a lei e é o trabalhador que vai preso”, afirma o presidente.

Possibilidade de greve

Em assembleia realizada por trabalhadores da empresa São José, na manhã dessa terça-feira (26), o Sindimoc foi autorizado pela categoria a deflagrar greve caso as demais manifestações não surtam efeito e a empresa continue exercendo a dupla função na cidade. Nenhum indicativo de greve foi aberto até o momento.

Outro lado

Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), desde a aprovação da lei que proíbe a cobrança de passagem pelos motoristas em São José dos Pinhais, as operadoras do transporte público coletivo – Auto Viação São José e Viação Sanjotur – estão em contato permanente com a prefeitura e a Secretaria de Trânsito e Transporte para cumprir a determinação.

As operadoras alertaram o Poder Executivo de que no edital de concorrência constavam 30 ônibus sem o cobrador e o referido posto de cobrança e que, para a adequação desses veículos, haveria um custo a ser adicionado na tarifa da cidade, de pelo menos 4%, considerando que ainda está sob avaliação técnica a viabilidade de adaptação desses carros. Essa mesma situação ocorreu na cidade de Curitiba, onde, após dois anos, agora os micro-ônibus só aceitam cartão.

Nos últimos 15 dias, reuniões mais frequentes foram realizadas junto à secretaria para tratar do assunto, porém, devido à alta complexidade da questão, que pode até elevar o custo da tarifa municipal, medidas concretas ainda não foram tomadas.