As buscas fazem parte da 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, que teve como alvo o casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura
A Lava Jato encontrou na residência do presidente da
Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro, a
maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira
até agora. As buscas fazem parte da 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, que teve
como alvo o casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura que atuaram nas
campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) e também o executivo da
Odebrecht, apontado pelos investigadores como o canal de Marcelo Odebrecht para
tratar de doações eleitorais e repasses ilícitos a políticos. A lista completa de políticos e partidos citados na operação pode ser conferida no Blog do Fernando Rodrigues, do UOL clicando aqui.
A devassa da Polícia Federal na residência de um dos executivos-chave do
esquema de propinas na empreiteira rendeu um total de sete arquivos onde
aparecem inúmeras planilhas e tabelas, algumas separadas por Estados e regiões
do Brasil e outras por partidos, com nomes dos principais políticos do País.
Também há inúmeras anotações manuscritas fazendo referência a repasses para
políticos e partidos, acertos com outras empresas referentes a obras e até
documentos sobre “campeonatos esportivos”, que lembram documentos
semelhantes já encontrados na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das
empreiteiras em obras na Petrobras.
Em meio aos avanços da Lava Jato, os executivos da empreiteira anunciaram nesta
terça-feira, 22, que vão fazer uma “colaboração definitiva” com as
investigações.
Nos documentos, contudo, não há nenhum indicativos que os pagamentos sejam
irregulares ou fruto de caixa 2 e tampouco a Polícia Federal teve tempo para
analisar a vasta documentação.
Era na Odebrecht Infraestrutura que funcionava o setor de “Operações
Estruturadas”, que as investigações revelaram ser o departamento da
propina na empresa, no qual funcionários utilizavam um moderno software de
gerenciamento de contratos e pagamentos para fazer a “contabilidade
paralela” da empresa, que incluía entregas no Brasil e também
transferências em contas no exterior. Diferente das planilhas encontradas
naquele setor, contudo, os documentos que estavam na residência de Benedicto
não possuem codinomes para se referir a políticos.
Moro põe sob sigilo superplanilha da Odebrecht
O juiz federal Sérgio Moro decretou ainda nesta quarta-feira (23),
sigilo sobre a superplanilha da Odebrecht que cita dezenas de
políticos e partidos como supostos destinatários de valores da empreiteira. O
magistrado pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre “eventual
remessa” da documentação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”, argumentou o juiz.
De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do Ministério Público Federal para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Triunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado.