
A jovem de 16, que salvou o irmão do fogo, morreu afirmando que viu um homem abrir a janela do seu quarto; a perícia confirma que o fogo se iniciou no local
Após pouco mais de dois meses, a polícia ainda não concluiu se o incêndio que tirou a vida de Jaqueline Andrade, 16 anos, foi criminoso ou acidental. A adolescente, que salvou o irmão 4 anos e, por isso, teve 60% do corpo queimado, perdeu a vida nesta segunda-feira (18).
Investigação sobre o incêndio
De acordo com o delegado Erineu Portes, da Polícia Civil de Colombo, o laudo do Instituto de Criminalística foi inconclusivo sobre as causas do incêndio. “Para nós não trouxe muita informação, ele foi inconclusivo, até em razão que, quando a perícia lá esteve, fazendo o levantamento, só havia escombros porque o Corpo de Bombeiros esteve tentando apagar o fogo”, declarou.

No entanto, o laudo confirmou a informação dada por Jaqueline de que o fogo teria iniciado no quarto em que ela dormia com os irmãos. “Nesse local, como a própria perícia diz, houve uma concentração e que ali teria se iniciado”, explicou Portes.
Jaqueline afirma que viu homem abrindo janela do quarto
Em entrevista concedido à RICTV | Record Paraná, no dia 1º de fevereiro, 15 dias após o incêndio, a jovem afirmou que acordou e viu alguém abrindo a janela de seu quarto. “Eu notei que era um homem. E eu tenho certeza que foi um incêndio criminoso e eu quero justiça porque eu to sofrendo muito, a minha família e a minha mãe, todo mundo. Tudo o que eu tô passando, eu não merecia”.

Jair Andrade, pai de Jaqueline, contou em seu depoimento à polícia que sentiu cheiro de combustível e que escutou uma explosão no dia do ocorrido.
Por outro lado, existem informações de vizinhos, de que a família estava sem energia elétrica e estaria utilizando luz de velas.“E pode ter acontecido de que a vela tenha caído, como eram 2h da manhã, quando se deram conta o fogo já tinha se propagado por toda a residência”, falou Portes.
Investigações
O delegado explicou que Jair estava com os salários atrasados e não recebia há pelo menos dois meses. Por conta disso, a casa estava sem abastecimento de água, luz e com os aluguéis atrasados. O proprietário teria então pedido a saída da família, mas não existem indícios de que ele tenha envolvimento com o incêndio. “Segundo informações, essa casa era alugada e estava sem energia e sem água, provavelmente, eles não estavam pagando os aluguéis ou algum problema que a pessoa queria que desocupasse porque a gente não entra no mérito, mas com relação ao proprietário da residência, não encontramos nenhum indício de que ele tenha provocado esse incêndio”.

Ainda por causa da falta de dinheiro, o pai de Jaqueline teria recorrido a um agiota. O homem também é investigado porque, segundo relatos, Jair estaria sendo ameaçado porque não tinha dinheiro para quitar a dívida. “Estamos investigando uma pessoa que, como eu disse, hoje ele é apenas um informante, estão tentando ver se colhemos algum indício de que ele venha a ser responsabilizado por esse fato, mas até então, nós não temos nada de concreto contra essa pessoa”, finalizou o delegado.
Entenda o caso
Na madrugada do dia 15 de janeiro o incêndio atingiu a casa da família em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Na ocasião, Jaqueline acordou com o corpo em chamas e mesmo depois de sair de dentro do local, voltou para buscar o irmão de 4 anos. “Quando eu vi, o meu pai começou a gritar ‘a casa pegou fogo’. Daí, todo mundo saiu correndo para fora e eu também saí correndo. Só que eu já ‘tava’ mais queimada porque o fogo começou no meu quarto. Aí, eu peguei e senti falta dele, daí eu voltei correndo e peguei ele”, contou a garota antes de morrer.
Desde o dia do ocorrido, a menina não deixou o Hospital Universitário Evangélico MacKenzie, na capital, onde passava por um tratamento para cuidar das queimaduras. Mesmo tendo apresentado melhora e, inclusive, ter concedido várias entrevistas, no dia 16 de março, ela apresentou um agravamento em seu estado de saúde e acabou por falecer dois dias depois, 18 de março, em razão de um quadro de infecção generalizada, que junto com as queimaduras, provocou uma parada cardiorrespiratória.
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