O confronto deixou vários feridos. (Foto: portal Cantu)

O ministro da Justiça determinou o envio da Força Nacional para a região oeste do Estado

O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, determinou à Polícia
Federal a instauração de um inquérito para apurar a morte de dois camponeses na
última quinta-feira (7) na cidade de Quedas do Iguaçu
, região oeste do Paraná.
Os dois eram integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
e foram baleados durante um confronto com policiais militares.

O ministro da Justiça determinou ainda o envio da Força
Nacional para a região.

Segundo o movimento, as duas pessoas que morreram são os
trabalhadores rurais Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25 anos.
Ambos eram do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado na fazenda da empresa
de celulose Araupel. Além das mortes, sete pessoas ficaram feridas, cinco já
receberam alta do hospital.

A fazenda da Araupel é motivo de conflito desde a primeira
ocupação do MST no local, em 1996, quando dois integrantes do movimento também
morreram em um confronto com funcionários da empresa. A área onde o MST está
acampado atualmente foi ocupada há cerca de dois anos e é razão de briga
judicial entre a Araupel e o movimento.

O MST pediu a punição imediata dos policiais militares
responsáveis pela morte dos trabalhadores rurais.

A Polícia Civil do Paraná investiga o caso e o Comando-Geral
da Polícia Militar determinou a abertura de um inquérito policial militar para
apurar as circunstâncias do confronto.

Versões diferentes

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná e o MST relatam
versões diferentes do ocorrido e as duas entidades dizem que foram vítimas de emboscada
do grupo contrário.

A versão do órgão estadual é de que, devido ao conflito
agrário, quatro policiais da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam)
acompanharam policiais do Batalhão Ambiental e funcionários da Araupel no
combate a um incêndio florestal dentro da fazenda. “O grupo teria sido vítima
de uma emboscada organizada por mais de 20 integrantes do MST e reagiu ao
ataque”, informou a secretaria. A polícia afirmou ter encontrado armas de fogo
com os camponeses mortos.

Segundo a secretaria, um dos membros do MST disse, em
depoimentos à Polícia Civil de Cascavel, que o primeiro tiro partiu de um dos
integrantes movimento e que a polícia apenas revidou.

Na versão do MST, cerca de 20 integrantes do movimento
realizavam uma ronda de rotina ao redor do acampamento onde vivem quando foram
surpreendidos pelos policiais militares e seguranças da Araupel. Eles teriam
disparado contra os veículos onde estavam os integrantes do MST, que tentaram
fugir pela mata.

O movimento ressaltou que os dois mortos foram baleados
pelas costas e também negou que tenha havido um incêndio na região.