Ex-governador do RJ, Sério Cabral, teria recebido propina e mesada de empreiteiras (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Ex-governador do Rio de Janeiro foi levado pela PF sob gritos de “ladrão” de cidadãos

A Polícia Federal, em ação conjunta com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal, deflagrou nesta quinta-feira (17), a Operação Calicute com o objetivo de investigar o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões. 

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi preso preventivamente. O peemedebista estava em sua casa, no Leblon, zona sul da capital, e foi levado pela PF sob gritos de “ladrão” de cidadãos.

Em nota, a PF informou que a apuração em curso identificou fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas a agentes estatais, incluindo um ex-governador do Estado do Rio de Janeiro além de outros fatos.

Duzentos e trinta policiais federais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, 8 mandados de prisão preventiva, 2 mandados de prisões temporárias e 14 mandados de condução coercitiva expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, bem como 14 mandados de busca e apreensão, 2 mandados de prisão preventiva e 1 mandado de prisão temporária expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

São investigados os crimes de pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita.

A Operação Calicute é resultado de investigação em curso na força-tarefa da Operação Lava Jato no Estado do Rio de Janeiro em atuação coordenada com a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.

Cabral teria recebido mesada de R$ 500 mil

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) recebeu R$ 500 mil de mesada da Carioca Engenharia em seu segundo mandato (2010-2014). No primeiro (2007-2010), R$ 200 mil. Já a Andrade Gutierrez desembolsou R$ 350 mil em um ano. As informações são da investigação do Ministério Público Federal, em desdobramento da Lava Jato no Rio. No total, a primeira empresa pagou R$ 32,5 milhões em propina e a segunda, R$ 7,7 milhões.

Segundo procuradores que conduzem as investigações, já no primeiro mês do primeiro mandato o então governador passou a cobrar dinheiro de empreiteiras que realizariam grandes obras no Estado. As com maior dinheiro desviado foram as da reforma do Maracanã, do Arco Rodoviário e do PAC das favelas – cada uma custou R$ 1 bilhão. Cabral cobrava 5% do valor das obras para si e 1% para colaboradores, conforme o MPF.