Curitiba - A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil do Paraná, concluiu que o policial civil que atirou em um homem dentro do banheiro de um bar, em Curitiba, em setembro deste ano, agiu em legítima defesa e sugeriu o arquivamento do caso. O comerciante Antônio Carlos Antunes, de 51 anos, morreu no hospital, cinco dias após ser baleado na região da axila. Segundo a investigação, Antunes e o policial Marcelo Mariano Pereira, que estava armado, se desentenderam por causa de um copo na pia do banheiro.

Comerciante Antônio Carlos Antunes foi baleado por policial civil em bar de Curitiba. Homem deixou local escoltado pela polícia
Comerciante Antônio Carlos Antunes foi baleado por policial civil fora de serviço em bar de Curitiba; inquérito aceita tese da legítima defesa. (Foto: Reprodução Redes Sociais/Ric RECORD)

O inquérito policial é assinado pelo delegado Ivo Vianna. A conclusão acontece após a análise dos laudos da perícia, da oitiva de testemunhas e do policial acusado, e da realização da reconstituição da briga que culminou com a morte do comerciante. A investigação durou três meses.

Cabe agora ao Ministério Público do Paraná decidir se acata a recomendação do delegado pelo arquivamento, se pede novas diligências da polícia ou se apresenta à Justiça a denúncia contra o policial civil pelo crime de homicídio. Neste caso, Pereira pode ser julgado pelo júri popular.

O advogado Heitor Luiz Bender, que representa o policial, afirmou que o parecer final do delegado acatou a “tese apresentada e sustentada pela defesa desde o início”: a de que Ferreira “agiu sobre o crivo e o manto sagrado da legítima defesa”.

“Todas as provas produzidas nesse inquérito policial dão conta de que Marcelo foi covardemente, brutalmente, agredido pelas costas, e tão somente reagiu de forma moderada a repelir uma injusta agressão que vinha sofrendo”, disse o advogado Heitor Bender.

Segundo Bender, no momento do desentendimento, Marcelo Pereira se identificou como policial, empunhou a arma com o cano apontado para baixo e, mesmo assim, a reação do comerciante teria sido tentar tirar a arma dele. O policial então teria efetuado um disparo de contenção, afirmou o advogado, na tentativa de controlar a situação.

Procurada pela reportagem da Ric RECORD, a defesa do comerciante afirmou esperar que o Ministério Público entenda de forma diversa da Polícia Civil e que ofereça a denúncia à Justiça. A família refuta a tese da legítima defesa desde o início das investigações.

“Ele não pensou duas vezes em atirar no meu pai. Falou que mirou no pé do meu pai, mas se tivesse mirado a bala não teria passado pelo pulmão, coração e parado embaixo”, disse Júlia Antunes Reppold Marinho, filha do comerciante morto.

Policial civil alegou legítima defesa desde o início

O incidente que culminou na morte do comerciante Antônio Carlos Antunes ocorreu no BarBaran, localizado na Alameda Augusto Stelfeld, no Centro de Curitiba, na noite de 26 de setembro.

Segundo a filha da vítima, os familiares estavam no estabelecimento há cerca de 45 minutos para comemorar o aniversário dela e ainda aguardavam a liberação de uma mesa. Imagens de câmera de segurança do bar mostram o policial entrando no banheiro masculino às 20h10. Antunes surge logo depois e também entra. Poucos minutos depois, testemunhas ouviram o barulho de um tiro.

Conforme a investigação da Polícia Civil, a confusão entre a vítima e o policial civil aconteceu por causa de um copo de cerveja na pia. Marcelo Pereira relatou que a discussão começou quando afastou o copo para lavar as mãos. Ele afirmou que a vítima não teria gostado e começou a agredir o policial, que sacou a arma e disparou.

Vítima morreu no hospital cinco dias depois de ser baleada

Antunes foi socorrido com vida e encaminhado ao Hospital Evangélico Mackenzie em estado grave. Ele foi submetido a procedimentos cirúrgicos devido à gravidade dos ferimentos, mas morreu cinco dias depois. O corpo dele foi velado e sepultado na cidade de Erechin (RS).

Após o incidente, o policial civil Marcelo Pereira deixou o bar escoltado por policiais militares e encaminhado ao hospital para atendimento médico. Ele tinha marcas no rosto compatíveis com uma agressão. Na ocasião, a Polícia Civil se manifestou em nota oficial:

“O policial apresentava lesões no rosto compatíveis com socos, fato registrado durante o atendimento. Após análise do delegado de plantão, não foi lavrado auto de prisão em flagrante, já que os elementos iniciais indicam a possibilidade de legítima defesa, como o disparo único, os ferimentos sofridos pelo policial, a permanência no local e o acionamento imediato da Polícia Militar. A Polícia Científica realizou a perícia e a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar com profundidade todas as circunstâncias do caso. A Corregedoria da PCPR acompanha a ocorrência desde o primeiro momento”, informou a polícia.

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Sérgio Luis de Deus

Editor

Jornalista formado pela PUCPR com 25 anos de carreira. Especializado em política, economia e cotidiano. Pós-graduado em Sociologia Política pela UFPR e em Planejamento/Gestão de Negócios pela FAE

Jornalista formado pela PUCPR com 25 anos de carreira. Especializado em política, economia e cotidiano. Pós-graduado em Sociologia Política pela UFPR e em Planejamento/Gestão de Negócios pela FAE