Caso não consigam acordo com o governo federal para alterar pontos da Medida Provisória (MP) 595, que reestrutura os portos do país, os trabalhadores do setor prometem dificultar a descarga de produtos brasileiros em todo o mundo com apoio de duas entidades classistas internacionais: a International Transport Workers Federation (ITF) e a International Dockworkers Council (IDC).
Os trabalhadores também anunciaram paralisação nos portos nesta sexta (22) e na próxima semana. Em entrevista coletiva de imprensa, em Brasília, entidades de trabalhadores alegaram que a Medida Provisória representa, na verdade, uma privatização da atividade portuária.
Segundo disse o presidente da Federação Nacional dos Avulsos (Fenccovib), Mário Teixeira, “caso as discussões não avancem, portuários dos cinco continentes, ligados à ITF e à IDC, poderão ser acionados para recusar desembarcar as cargas originárias do Brasil”.
Em protesto contra a Medida Provisória, portuários e estivadores (trabalhadores que fazem o movimento de carga dentro dos barcos) anunciaram a paralisação das atividades amanhã (22), das 7h às 13h, e terça-feira (26), das 13h às 19h. Está prevista também para amanhã uma reunião com representantes da Casa Civil para discutir o assunto.
A MP que trata da modernização dos portos brasileiros tem sido muito criticada pelos sindicalistas. Na semana passada, em reunião com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, representantes de trabalhadores do setor portuário pediram ao governo federal mais discussão sobre as mudanças introduzidas pela Medida Provisória 595/2012.
Paralisação pode gerar atrasos no Porto de Paranaguá
Em Paranaguá, todas as sete categorias sindicais, além da Cooperativa de Transportes e da Coopadubo, devem aderir ao movimento, decisão esta que certamente irá prejudicar as operações nos Portos do Paraná.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) está apreensiva com o movimento uma vez que existe uma programação de navios a serem atracados para carregar ou descarregar produtos e, com uma mobilização desta natureza, atrasos e prejuízos serão gerados.
“Num período em que a movimentação de granéis é grande por conta do período de safra, paralisações desta natureza podem gerar diversos problemas e prejuízos. Estamos preocupados com as consequências deste movimento, pois o produtor agrícola esta no momento da colheita da safra e muito precisa da operação portuária. Por outro lado, estamos confiantes que as partes chegarão a um consenso benéfico para o país”, afirmou o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino.
Por outro lado, o superintendente pondera que o movimento grevista pode ser um tanto precipitado, uma vez que nem se começou a discutir as emendas apresentadas. “Os procedimentos para inicio dos trabalhos da comissão começaram na quarta-feira (20) e seria razoável primeiramente analisar a condução dos trabalhos da comissão e, em caso de fortes divergências, se justificaria uma manifestação que não necessariamente precisaria ser a paralisação de um sistema logístico tão importante para o país”, afirma.
A organização do movimento está sendo coordenada pela Federação Nacional dos Portuários, a Federação Nacional dos Conferentes e Descarga, Vigias Portuários, Trabalhadores de Bloco, Arrumadores e Amarradores de Navios e pela Federação Nacional dos Estivadores.