Os policiais envolvidos na morte do jornalista Andrei Gustavo Orsini Francisquini, de 35 anos, prestaram depoimentos pela primeira vez nesta segunda-feira (17) sobre o caso da Praça da Espanha. Na sede da 2ª Companhia da Polícia Militar, os três militares foram interrogados por aproximadamente quatro horas.
Esta foi a segunda vez que os depoimentos foram marcados. Anteriormente, o interrogatório era para ter sido realizado no dia 22 de maio, mas, foi adiado pois os policiais estavam afastados para tratamento psicológico.
Defesa alega contradições de policiais
Após os depoimentos dos policiais prestados nesta segunda-feira (17), a defesa contratada pelo pai da vítima, Benedito Francisquini, alegou contradições.
De acordo com os três policiais, o carro de Andrei foi identificado estacionado de maneira irregular. Ao se aproximar do veículo foi constatado que o automóvel havia participado de uma fuga anteriormente.
O soldado Taborda informou que pelo vidro do veículo identificou Andrei manuseando uma arma de fogo. Na sequência com a tentativa de fuga do suspeito, os policiais alegaram que disparam na direção dos pneus e no para-choque.
Um dos policiais chegou a declarar que atirou por temer a própria vida.
Perícia não identifica digitais de Andrei na arma
A arma encontrada no carro de Andrei, que os policiais alegam ter sido utilizada pelo homem durante um confronto, foi recolhida pela Polícia Civil. Entretanto, na perícia realizada, não foi identificada nenhuma digital, nem de Andrei e nem dos policiais.
A família de Francisquini defende que o rapaz nunca portou armas.
Confira mais informações sobre os depoimentos:
https://youtu.be/rNcM6qNdEUo
Morte do jornalista na Praça da Espanha
Andrei foi morto pela polícia durante uma perseguição que se iniciou na Rua Vicente Machado e terminou na Praça da Espanha. O boletim de ocorrência, lavrado pela própria PM, aponta que o jornalista estava armado e teria reagido à abordagem policial.
Uma pistola 9mm foi encontrada em seu colo, mais tarde, a perícia constatou que nenhuma munição havia sido deflagrada. A família de Andrei desde o início das investigações negou que o rapaz estivesse armado porque, de acordo com eles, o jovem sempre teve aversão a armas de fogo.
No dia 13 de junho, a Polícia Militar se manifestou pela primeira vez a respeito do caso. “Existe realmente uma arma, que foi apreendida no local, mas as digitais não podem ser associadas a uma pessoa. A arma que estava no veículo, ela não foi utilizada, por essa razão inclusive não foi solicitada nem perícia, porque ela não foi utilizada”, declarou o coronel Carlos Eduardo Rodrigues Assunção, diretor de apoio logístico da PM.
No entanto, para o coronel, apesar da arma não poder ser ligada a Andrei, todo o contexto da situação justifica a forma de proceder dos PMs . “Todo o contexto, indica que havia uma situação de reação. E esta reação inclusive utilizando o veículo como arma. A Polícia Militar, e as polícias em geral, acabam atuando em situações para preservar sua integridade ou integridade de terceiros. A situação exigiu esse tipo de procedimento policial”, relatou Assunção em entrevista ao Balanço Geral Curitiba.