Os presos foram torturados por integrantes da facção criminosa Família do Norte. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/ Wikimedia Commons)

A rebelião aconteceu no dia 1º de janeiro e foi comandada por integrantes da facção criminosa Família do Norte; 56 presos foram assassinados e outros 26 torturados

Segundo denúncia do Ministério Público do Amazonas (MPAM), durante o massacre que aconteceu no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, no dia 1º de janeiro de 2017, presos foram estuprados e obrigados a comer os olhos de outros detentos que haviam sido mortos naquele dia.

O documento apresentado nesta sexta-feira (24) à Justiça acusa 213 pessoas pelos crimes. De acordo com as investigações, integrantes da facção criminosa Família do Norte (FDN) perseguiram e torturam detentos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e outros que estavam em um local chamado como ‘área de inclusão’. Muitos tentaram se proteger do ataque fugindo por dutos e se escondendo nos telhados. Porém, todos que foram capturados foram mortos ou torturados.

O documento traz detalhes sobre o que aconteceu naquele dia. O motim coordenado pela Família do Norte começou às 16h, no dia de visita de parentes. Os presos avançaram para os outros pavilhões portando armas de fogo, facas, pedaços de pau e combustível.

‘Seguro PCC’

Os alvos principais eram os integrantes do Primeiro Comando da Capital que ficaram isolados em uma área conhecida como ‘Seguro PCC’. Dos 26 presos, apenas quatro sobreviveram ao dia 1º de janeiro.

Área de inclusão

Já na chamada ‘área de inclusão’ o objetivo era matar presos que não eram ligados a nenhuma facção e que teriam cometido crimes sexuais. Dos 42 interno no local, 22 sobreviveram.  Segundo contaram os sobreviventes, as lideranças criminosas do Compaj estariam incomodadas porque queriam que o local onde funcionava a ‘área de inclusão’ fosse transformado em um local para receber visitas íntimas, exclusiva para integrantes da facção Família do Norte.

Acusações

Os presos denunciados pelo Ministério Público responderão a 56 acusações de homicídio qualificado, seis tentativas de homicídio, 26 casos de tortura e 46 casos de vilipêndio de cadáver. Caso sejam condenados a penas máximas, cada um poderá pega mais de 2,2 mil anos de reclusão.

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