O vento soprando ao Norte beijava a plantação de soja que cerca um paraíso desconhecido. A estrada, ainda de chão leva à Escola de Equitação Maberti Beira Lago, em Entre Rios do Oeste. O lugar que não cria cavalos, mas sim que acolhe animais com amor.

No local, a terra vermelha marcava a bota que caminhava por solo ainda recente, o espaço onde funciona a escola foi alugado há pouco tempo, mas provém de um sonho antigo. Marcelo Bar, Giovana Bar, Matheus e Thomas Bar têm algo diferente das famílias do século XXI, eles querem se manter na vida no campo. Marcelo, o chefe da casa, morou três anos na Áustria e, ao contrário da maioria, não chegou à pequena cidade de Entre Rios do Oeste contando como é a Ópera de Viena ou o luxuoso palácio de Schloss Hof, mas sim como as pessoas de lá lidam com os cavalos. “Eles têm muito mais amor e carinho com os animais do que os brasileiros. Trouxe isso como lição de vida para cá”, disse Marcelo, que desenvolve o trabalho na escola em companhia da família.

Os filhos Matheus e Thomas, de 17 e 15 anos, desde pequenos expressam maior afeto pela vida no campo, pois de acordo com os pais, eles sempre gostaram de cavalgadas e vida simplória. Com isso, não tinha como escapar, é o que conta Giovana, a mãe dos meninos afirma. “Eles me fizeram aprender a gostar de cavalos. Como sempre foram muito apegados a animais, eu como mãe comecei a gostar também. Hoje tenho muito amor pelos cavalos e não vivo sem a escola.” Giovana é educadora física e cursa pós graduação de Eco terapia na Universidade Tuiuti do Paraná, em Curitiba.

Pai, mãe e filhos cuidam dos animais como membros da família. São 20 cavalos que ficam na escola, que também aluga baias para o alojamento de animais de outras pessoas. No local, aula de tambor, laço, baliza e equitação básica são lecionadas com horário marcado. O custo é de R$ 30,00, mas as aulas são gratuitas a pessoas carentes. Públicos de todas as idades podem frequentar o ambiente.

Marcelo, que exerce a função de gerente da escola frisa que o objetivo não é apenas ensinar a lida com o cavalo. “Queremos desenvolver nas pessoas a intimidade com os animais, pois isso essa parceria tem a capacidade de mudar uma história de vida. Temos jovens que estavam envolvidos com drogas, tinham problemas comportamentais, dificuldade de relacionamento interpessoal, que após começarem a montar nos cavalos e vir para a escola tornaram-se outra pessoa. Os pais nos agradecem muito, pois segundo eles, depois das aulas os filhos são outras pessoas, agora muito melhores do que antes.”

Os cavalos são muito bem tratados, comem e recebem cuidados de maneira afetuosa e qualitativa. Realizam exercícios com regularidade e ficam disponíveis para cavalgada apenas uma hora por dia. “Os cavalos são mais bem tratados que a gente”, brinca Thomas, o caçula da casa.

A vida no campo é algo comum aos visitantes. No momento da visita da Expedição São Francisco, quatro jovens aguardavam para ter aula de equitação básica. Um deles, mesmo sendo nascido no campo, aos 16 anos cavalgaria pela primeira vez. “Nunca andei a cavalo, espero sair daqui sabendo, mas medo do animal eu não tenho não”, disse o corajoso Adriel Sitt (17).

Já Daniel Stein (17) afirmou ser praticante do esporte. “Eu cavalgo sempre e quero até fazer agronomia para continuar a vida no campo, até porque pretendo cuidar da propriedade dos meus pais, porque a vida por aqui é muito boa.” A família de Daniel tem cerca de 600 porcos e fornece carne a uma indústria de alimentos.

A família Bar também resgata animais machucados e ariscos. Para amansar os bichos e prepará-los para competições o domador entra em ação. “Um cavalo precisa ser preparado durante oito meses. Mesmo dando trabalho, confesso que é muito melhor domar cavalos do que lidar com gente”, conta William Heireick, em meio a risos.

O local funciona durante toda a semana e o telefone para contato é  (45) 9982-8267 ou (45)3257-1667.