Uma quadrilha que aplicava golpes em idosos foi desmantelada durante uma operação, na manhã desta quinta-feira (15), na Grande Curitiba. A suspeita é de que os criminosos tenham faturado R$ 30 milhões com seguros de vida contratados sem o conhecimento das vítimas e que tinham suas mensalidades descontadas de forma automática no débito em conta.
Ao todo, 29 pessoas relacionadas ao golpe são investigadas há um ano. Época que surgiu a primeira denúncia sobre valores descontados indevidamente das contas principalmente de idosos aposentados.
Quadrilha que aplicava golpes em idosos entrava em contato por telefone
Os integrantes do grupo criminoso entravam em contato com as vítimas pelos telefone e identificavam-se como representantes de bancos, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e até mesmo do Paraná Previdência. Na sequência, eles alegavam a necessidade de uma atualização cadastral e agendavam visitas nas casas das vítimas.
Segundo a Polícia Civil, com os documentos e assinaturas dos idosos, a quadrilha então fazia os seguros de vida sem o conhecimento das vítimas. Seguro esse que variava entre R$ 50 a R$ 200 mensais e era debitado das contas dos idosos de forma automática. “Sob o pretexto de fazer uma atualização cadastral, colhiam dados desses idosos e até mesmo assinaturas em papéis em branco. Assinaturas essas que era utilizadas para fazer ‘falsos’ seguros de vida que eram encaminhados as agências bancárias e aí debitados indevidamente da conta desses idosos e aposentados. Que muitas vezes não percebiam, chegavam a falecer sem perceber esses débitos indevidos”, disse o delegado Cassiano Aufiero.
Ainda conforme Aufiero, quando os idosos enganados percebiam os descontos e entravam em contato com a empresa responsável pelo seguro de vida, que na verdade era uma empresa de fachada da quadrilha, os contratados eram cancelados para evitar que o crime fosse descoberto. No entanto, os valores já pagos não eram devolvidos.
Criminosos tinham acesso aos dados dos aposentados por compra de cadastros
A quadrilha que aplicava os golpes nos idosos tinha acesso aos dados das vítimas através da compra ilegal de cadastros. “Esses dados eram fornecidos por prefeituras através de agentes públicos contaminados, nós estamos investigando também a participação desses agentes públicos que forneciam esses dados cadastrais para que a quadrilha pudesse fazer o contato com esses aposentados”, disse o delegado.
Investigações sobre golpes contra idosos
Nesta quinta-feira, cerca de 150 policiais civis cumpriram mandados de buscas e apreensão nas empresas de fachada, assim como nas residências dos suspeitos. Em Curitiba, foram nos bairros Boa Vista, Barreirinha, São Loureço, Bairro Alto, Bacacheri, Juvevê, Pilarzinho, Centro, Centro Cívico, São Francisco, Rebouças, Bigorrilho, Santa Felicidade, Água Verde, Portão, Boqueirão, Xaxim, Fanny, Vila Guaíra, Guaíra, Cidade Industrial de Curitiba e Campina do Siqueira. Já na região metropolitana da capital, as cidades foram: São José dos Pinhais, Pinhais, Bocaiuva do Sul, Itaperuçu, Araucária e Fazenda Rio Grande.
O delegado aponta os dados e documentos colhidos irão comprovar o que foi apurado durante a investigação contra a quadrilha especializada em aplicar golpes em idosos. “Vai tornar muito mais robusta a nossa investigação pra que outras medidas sejam solicitadas ao poder Judiciário”, disse Aufiero.
Segundo a autoridade, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) também ajudou a comprovar as denúncias. “Através do relatório deles nos passou a total incompatibilidade da movimentação financeira deles [suspeitos] com a renda declarada dessas pessoas”, disse.
A polícia ainda não consegue contabilizar o número de vítimas e acredita que mais irão surgir no decorrer das investigações.
O que fazer caso sofra débitos indevidos em conta
A orientação é que pessoas que notem débitos indevidos em suas contas, principalmente aposentados, que entrem em contato com o 7º da Polícia Civil.