Filho de humorista revela momento em que encontrou corpo de Raíssa: 'Tava embalada'

Curitiba - Dhony Gomes, filho do humorista Marcelo Alves dos Santos, falou sobre o assassinato de Raíssa Suellen, ocorrido na casa do comediante na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Em entrevista, ele detalhou como descobriu o crime e relatou as últimas palavras trocadas com o pai.

Caso Raíssa: filho ia almoçar na casa de humorista

Em entrevista ao vivo concedida ao Cidade Alerta, da Record, Dhony Gomes, que é motorista de aplicativo, relatou que foi chamado pelo pai para almoçar na residência da família.

“’Eu vou continuar rodando, mas eu estou com muita fome’. E aí ele [o humorista] falou: ‘Não, vem pra cá que eu fiz uma comida, vem almoçar aqui’. E aí eu pedi pra ele: ‘Então tá bom, eu vou filtrar a rota’. Quem roda de aplicativo sabe que direcionar a rota é para um lugar que se quer ir. E daí, num determinado momento, você consegue chegar na tua casa”.

Dhony descreveu que, ao chegar na casa, percebeu um comportamento incomum do pai.

“Eu vejo que ele tava ali arrumando a casa. Só que eu senti um hábito. Ele tava nervoso. A feição tava mudada. Eu esperei o almoço, que ele tava esperando que a gente ia almoçar realmente. Mas, quando eu cheguei em casa e olhei pra ele, ele começou a repetir várias vezes: ‘Não se desesperem, não se desesperem’”.

Filho pensou que era brincadeira

Inicialmente, o filho pensou que se tratava de uma brincadeira, como era comum entre eles.

“Meu pai era um cara que a todo momento estava fazendo graça. Eu esperei as risadas dele. Mas ele continuava… Ele estava muito nervoso. E quanto mais ele falava para mim ‘não se desespere’, foi aí que eu comecei a acreditar que era alguma coisa séria que tinha acontecido”.

Segundo Dhony, foi nesse momento que o pai revelou que havia cometido algo grave.

“Eu perguntei pra ele: ‘O que está acontecendo?’. Aí ele falou: ‘Eu fiz a pior merda da minha vida. Só que agora não tem volta'”.

O filho, então, soube que Raíssa Suellen estava morta, embora não a visse há mais de dois anos.

“Eu perguntei: ‘O que tem a Raíssa?’. Porque já fazia mais de dois anos que eu não tinha contato com a Raíssa. Quem tinha contato com ela, que eu sabia, de vez em quando, era ele. Quando eu perguntei o que que tem a Raíssa, ele falou: ‘Faleceu’.”

Em estado de choque, ele abriu a porta do quarto indicado pelo pai.

“Quando eu abri a porta, ela já tava na cama, deitada, embalada já. Ela já tava com aquela lona plástica. O rosto também não dava pra ver nada. Eu não tive coragem de ver, para realmente ver se era ela.”

Ao ver o corpo, Dhony confrontou o pai.

“A única coisa que eu conseguia falar pra ele era: ‘Pai, acabou você, cara. Você acabou com tua vida. O que você foi fazer? O que é isso que tá acontecendo?’”.

Caso Raíssa: filho pediu para pai se entregar à polícia

O filho afirmou que a primeira atitude que sugeriu foi que o pai se entregasse.

“A primeira coisa que eu falei pra ele é que ele tinha que se entregar. Ele tinha que se entregar porque… A gente tava em choque, cara, desesperado. Para as pessoas que nunca cometeram um crime na vida, você não sabe como agir. Não é premeditado. Eu cheguei na minha casa para ir almoçar.”

Ao ser questionado se acreditava que o crime foi planejado, Dhony respondeu:

“Eu não sei dizer, porque eu não tenho… Eu não esperava isso dele. Para mim foi uma surpresa, porque eu nem sabia que contato com a Raíssa ele tinha”.

Sobre a relação entre o pai e a vítima, o filho disse nunca ter presenciado indícios de envolvimento afetivo, mas que outras pessoas da família suspeitavam.

“A minha esposa, a minha sogra, elas já tinham percebido que existia algo ali entre eles. Meu pai passou a querer se arrumar mais. Elas falavam pra mim: ‘Dhony, eu acho que seu pai tá se cuidando mais, mas deixa ele, ele merece'”.

No entanto, Dhony afirma nunca ter conversado com o pai sobre um possível relacionamento com Raíssa.

“Eu nunca cheguei a abordar ele e perguntar: ‘Pai, tá acontecendo alguma coisa entre você e a Raíssa?’”.

O filho também disse que não recebeu nenhuma explicação concreta do pai sobre o motivo do crime.

“A única coisa que eu perguntava pra ele era: ‘Por que, pai? Por que você fez isso, cara? Você acabou com tua vida. Teu stand-up tava dando certo. Você estava trabalhando normal’. E ele não conseguia me responder. Ele falou: ‘Foi uma tragédia. Foi um acidente’. E nunca me dava os fatos do porquê”.

Dhony nega participação no crime

O filho do humorista negou qualquer participação no crime.

“Com certeza, eu não tenho nenhuma participação. Porque quando eu cheguei já me deparei com aquilo. Não ajudei ele absolutamente em nada. Não sabia que ele tinha contato com ela, porque já fazia muitos anos que eu e a Raíssa não nos falávamos. Jamais, se eu soubesse de algo, se eu desconfiasse de algo, jamais eu seria cúmplice disso”.

Ele reconhece, no entanto, que errou ao não agir com razão diante da situação.

“Era meu pai. Não era uma pessoa estranha me pedindo um favor. Era o meu pai, entendeu? Era a pessoa que deu a vida pra cuidar de mim. E em um momento de desespero realmente acabei dirigindo o carro. Mas eu não participei de nada”.

Questionado sobre ter ido à casa de uma amiga de Raíssa após o crime, Dhony explicou sua motivação:

“A minha intenção é que, quando a gente não comete um crime, você fica a todo momento pensando o que fazer. Por mais que seja a pessoa que você mais ama na vida. Eu sabia que ele tinha feito a coisa errada. E quando eu fui lá na casa das amigas dela, a minha cabeça estava dividida. Eu não sabia se eu entregava o meu pai. Mas, por amor a ele, eu não conseguia. Eu não consegui entregar meu pai.”

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