O Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), da Polícia Civil, divulgou nesta terça-feira (11) o retrato de como estaria Luana de Oliveira Lopes que foi raptada em Florestópolis, no norte do Paraná, em 2003, aos 8 anos de idade.

A progressão de idade retrata a provável aparência da jovem 17 anos depois de ter desaparecido. Conforme o órgão, a imagem se refere a uma criança que cresceu com um estilo de vida saudável. Obesidade, histórico de doenças e baixas condições econômicas podem influenciar na atual aparência.  

O caso foi reaberto nesta semana, depois que uma mulher de 24 anos entrou em contato com a família da criança acreditando se tratar Luana. Foram colhidos os materiais genéticos tanto dela como de familiares da menina raptada para comparação. O resultado do exame de DNA deve sair nos próximos 15 dias. 

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De acordo com a delegada Patrícia Paz, a jovem foi criada no Rio de Janeiro, não tem lembranças anteriores aos 10 anos e foi mantida reclusa e sem poder frequentar a escola até aproximadamente seus 16 anos quando seu suposto pai morreu. Além disso, uma tia também revelou que ela apareceu de repente na família

“Ela retornou ao estado do Paraná após suspeitar que poderia não ser da família com a qual viveu esses anos todos no Rio de Janeiro. […] Ele consegue informar somente depois dos 10 anos idade, quando desde então, ela começou a desconfiar que a sua família a tratava de um modo bastante estranho e, posteriormente, uma tia em seu leito de morte teria informado que ela não seria daquela família. O que levou ela a suspeitar mais ainda de que poderia ser vítima de algum tipo de crime”, explicou Patrícia durante coletiva de imprensa. 

Desconfiada, a jovem passou a pesquisar nas redes sociais sobre o desaparecimento de meninas que coincidissem com suas características e idade, e se deparou com o rapto de Luana em Florestópolis.

Caso o DNA comprove a identidade da vítima, a polícia irá dar continuidade às investigações para entender como a menina foi levada para a família carioca.

Jovem conhece a família de Luana

No último sábado (9), a jovem viajou para o Paraná e conheceu os familiares de Luana. Neide de Oliveira, mãe da menina levada de Florestópolis, ressalta que é importante esperar o resultado do exame, mas afirma que caso dê negativo, mesmo assim, ela ganhou uma nova filha:

“Se ela não foi a minha filha, eu vou ganhar outra filha, já tenho 7 e vou ter 8 porque tudo o que ela falou pra gente o que sofreu, que sabe a minha filha sofreu tanto igual ela, também pode estar viva igual ela”, disse a mulher. 

Menina foi levada quando buscava leite

Luana e o irmão Diego de Oliveira Lopes, na época com 10 anos, viviam na área rural da cidade e no dia 16 de novembro de 2003 saíram de casa, por volta das 9h, para buscar leite na propriedade vizinha.

Segundo o boletim de ocorrência, o menino contou que durante o trajeto de aproximadamente 1.500 metros, no qual eram obrigados a atravessar a rodovia que liga Florestópolis a Prado Ferreira, os dois foram abordados por um caminhoneiro que ofereceu cobertores à família e foram raptados. Ainda conforme o relato, após se afastarem do local do sequestro, ele espancado e o suspeito partiu levando Luana.

“Nós tínhamos ido buscar leite na fazenda do lado do asfalto e na volta, o caminhoneiro passou perto de nós e pediu pra nós ‘colher’ cobertor. Ele abriu a carroceria do caminhão, pediu pra nós entrar dentro do baú e quando a gente entrou, ele fechou. Aí,ele levou a gente pro lixão de Prado Ferreira, lá ele deixou ela trancada dentro da cabine, pegou um facão e agarrado no meu braço, me levou pra beira da mata falando que ia me matar. Eu consegui escapar da mão dele, corri no meio da mata, ele correndo atrás de mim e perdeu o facão. Aí eu cai, ele catou eu, pegou uma pedaço de pau e me bateu até eu desmaiar. Fui acordar horas depois, todo machucado, andava um pouquinho e caia até que cheguei de beira do asfalto e tinha uma família tomando garapa. Eles me perguntaram o que tinha acontecido e me levaram para a delegacia”, lembra Diego. 

Durante anos a família tentou encontrar Luana, seu irmão, inclusive, passou por uma sessão de hipnose em Curitiba para conseguir fazer um retrato falado do suspeito. No entanto, ninguém nunca foi identificado.