Saiba quem é o ‘Sheik dos bitcoins’, que movimentou R$ 4 bilhões e deu golpe em famosos
Francisley Valdevino da Silva, o Francis Silva, ficou conhecido como ‘Sheik dos bitcoins’ após ser investigado por um golpe estimado em R$ 4 bilhões e dar prejuízo inclusive para famosos, como Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa. O suspeito foi um dos alvos da Operação Poyais, que tem como objetivo desarticular um esquema de golpe contra o sistema financeiro nacional, que foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (6).
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Francis, de 36 anos, abriu uma empresa de aluguel de criptomoedas em Curitiba, capital paranaense, onde atendia clientes de todo o Brasil, a Rental Coins. Nas redes sociais, o empresário afirmava ter um negócio de sucesso, mas acumulava processos até mesmo internacionais. Conforme a Polícia Federal, o ‘Sheik dos bitcoins’ pode fazer parte de organização criminosa suspeita de fraudes a partir de pirâmide financeira.
Conforme o próprio empresário, ele começou a investir em criptomoedas há cerca de seis anos, enquanto morava nos Estados Unidos, e acumulou um patrimônio milionário no decorrer do tempo. Os primeiros clientes do ‘sheik’ eram fiéis da igreja que frequentava. Na internet, ele se definia como “fiel e religioso”. Durante os três primeiros anos, os clientes recebiam o retorno dos investimentos.
No entanto, o negócio foi crescendo e, com amizades influentes e poderosas, Francis conseguiu até mesmo a confiança de famosos. A partir daí, que as reclamações dos clientes e denúncias começaram. Sasha Meneghel afimou ter sido vítima do suspeito e entrou na Justiça alegando ter sofrido um golpe milionário. Em fevereiro deste ano, o dinheiro dos clientes foi bloqueado. A Polícia Federal acredita que os golpes tenham ultrapassado R$ 4 bilhões.
Operação Poyais
Cerca de 100 policiais federais, bem como servidores da Receita Federal, cumprem 20 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR. Além disso, houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores. As ordens judiciais são cumpridas nas cidades de Curitiba (PR), São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ).
As investigações contra organização criminosa suspeita da prática no Brasil e no exterior, desde 2016, dos crimes de estelionato e contra o sistema financeiro foi iniciada em março de 2022, após recebimento, pela INTERPOL, de informações e solicitação passiva de cooperação policial internacional da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília (DF).
Nas imagens divulgadas pela polícia sobre a operação é possível ver muito luxo e ostentação. As residências são amplas, carros importados e maletas com barras de ouro foram encontradas e na decoração das casas não foram poupados valores. Entre as imagens que chamam a atenção estão uma parede com coleção de tênis exclusivos, relógios de marcas internacionais, aquário com animais exóticos e muitos envelopes com dinheiro.
Em relação a operação, Francis se manifestou nesta quinta-feira, em nota, afirmando que a operação é uma “medida usual em procedimentos investigatórios dessa natureza” e que pretende “comprovar a efetiva regularidade e licitude
das operações empresarias”, bem como de todas as condutas adotadas por ele. Veja na íntegra:
“Considerando a operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (06/10/2022) para o cumprimento de diversos mandados de busca e apreensão simultâneos, alguns deles em imóveis dos quais sou proprietário, necessários se fazem alguns esclarecimentos. Cumpre esclarecer que todos os procedimentos judiciais em que eu ou minhas empresas constam como envolvidos são de total conhecimento e acompanhamento do corpo jurídico responsável.
Ademais, a operação efetivada nesta manhã é medida usual em procedimentos investigatórios dessa natureza, necessário ao regular prosseguimento do feito e esclarecimento do quanto necessário, sendo que todo o apoio e cooperação foram despendidos pelos envolvidos no processo. Por fim, informo que continuo à disposição para prestar todos os esclarecimentos que porventura se fizerem necessários, tanto na esfera judicial quanto extrajudicial, com escopo de comprovar a efetiva regularidade e licitude das operações empresarias, bem como de todas minhas condutas.”
Investigação de golpes no Brasil
No Brasil, constatou-se que o investigado logrou êxito em iludir milhares de vítimas que acreditavam nos serviços por ele prometidos através de suas empresas, os quais consistiam no aluguel de criptoativos com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido. Alegando vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos, o investigado levava a erro seus clientes informando possuir grande equipe de traders, que realizariam operações de investimento com as criptomoedas alugadas e, assim, gerariam lucro para suportar o pagamento dos rendimentos.
Ao longo da investigação, ficou evidenciado que o investigado constituiu verdadeira organização criminosa, inclusive com muitos membros de sua família que também eram funcionários de suas empresas, para se apropriar dos valores investidos, tanto em reais como em criptomoedas, pelas vítimas da fraude.
Simultaneamente, constatou-se que a mesma organização criminosa, com parceiros no exterior, desenvolvia fraude semelhante, porém focada em marketing multinível, nos Estados Unidos da América e em ao menos outros 10 países.