Mulher recebia dos pacientes os pagamentos referentes a procedimentos médicos realizados, mas só repassava uma parte para a empresa

Foi presa nesta quinta-feira (10), em Curitiba, uma mulher que trabalhava como secretária de médicos hematologistas no setor de transplantes de medula óssea, dentro do Hospital Nossa Senhora das Graças. Luciane Machado Russo, de 49 anos, é suspeita de ter desviado cerca de R$ 2 milhões em pagamento de procedimentos médicos, por não ter repassado aos profissionais os valores integrais pagos pelos pacientes.

O médico hematologista Paulo Tadeu Rodrigues de Almeida, coordenador do Instituto Pasquini de Transplante de Medula Óssea e Hematologia, para quem a suspeita trabalhava, disse que passou a desconfiar da funcionária em setembro deste ano, quando ela foi demitida e denunciada à Polícia. Segundo o médico, ela dizia que os pacientes ainda estavam inadimplentes com parte dos pagamentos. Ele acredita que os desvios tenham começado a acontecer há quatro anos.

A mulher, de 48 anos, recebia aproximadamente R$ 3 mil de salário. Já os procedimentos médicos realizados pelo Instituto Pasquini, dependendo da complexidade, custavam entre R$ 15 mil e R$ 42 mil. A Polícia Civil já ouviu dez pacientes do período em que ela trabalhou no local.

A mulher, que estava morando em Santa Catarina, foi presa na capital paranaense e encaminhada para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), onde presta depoimento.

O Hospital Nossa Senhora das Graças enviou uma nota à imprensa afirmando que a suspeita tinha vínculo empregatício com o Insituto Pasquini de Transplante de Medula Óssea e Hematologia, que é uma sociedade empresarial distinta do hospital. A nota diz ainda que o Hospital acompanha as investigações e que foi informado pelo próprio Instituto de que não houve qualquer lesão direta aos pacientes, apenas aos médicos.

“O Hospital nunca recebeu, seja de pacientes em caráter particular ou por intermédio de convênios, qualquer tipo de denúncia a esse respeito e aproveita oportunidade para reiterar o total apoio às investigações”, diz o texto.