Está em curso na Polícia Civil uma investigação que apura a existência de um serial killer no Paraná. O suspeito é um caminhoneiro que foi preso no domingo (26) em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, depois que uma de suas vítimas conseguiu fugir.

O que se tem certeza até o momento é que duas garotas de programa foram violentamente espancadas por ele, de tal forma que configura tentativa de homicídio. “A Polícia Civil está investigando uma linha de um serial killer. Até porque ele disse, durante a execução das agressões, ele disse para ela [vítima] que já teria feito isso com outras 14 meninas”, declarou o delegado Tiago Dantas.

Agora, a polícia procura pelas outras vítimas, as quais segundo o delegado, podem estar no Paraná e em outros estados do país, já que o suspeito é de Minas Gerais e costuma viajar muito. 

Garota de programa em cárcere privado

O homem de 30 anos foi detido em flagrante na noite de domingo. Na ocasião, ele havia contratado uma garota de programa no sábado (25) e mantido a mulher em cárcere privado por 24 horas enquanto a espancava e ameaçava de morte.

A vítima do suposto serial killer no Paraná levou 30 mordidas pelos corpo.
A vítima do suposto serial killer no Paraná levou 30 mordidas pelo corpo. (Foto: Paulo Fischer/RICTV)

Vanessa Barreto, de 30 anos, sobreviveu porque pulou do caminhão e pediu ajuda para o primeiro morador que encontrou. Logo, a Polícia Militar (PM) foi chamada, seguiu até o local onde estava o caminhoneiro e efetuou a prisão. “Ele me levava de um lado para o outro e aí começou a me bater. E eu comecei a chorar. Quanto mais eu dizia para ele parar, mais ele me batia e mordia. Foi horrível”, contou a vítima.

Ela permanece internada em um hospital da capital e poderá passar por uma cirurgia, devido as fraturas que sofreu no rosto.

Suspeito extremamente violento

Segundo o delegado, a vítima que levou mais de 30 mordidas, sofreu fraturas por todo o corpo e foi esganada. Mas o que também levantou a suspeita de que o rapaz possa se tratar de um serial killer no Paraná, foi uma ligação fora do comum, segundo o relato da vítima, feita por ele. “Durante as agressões, ele fez uma chamada de vídeo com um de seus familiares. E, esse familiar dizia que ele tinha uma missão e que essa missão era a morte dessas meninas. E também, ele falou de forma expressa que já fez isso com outras 14 meninas”, ressaltou Dantas. Mesmo assim, o celular que está em posse da polícia passará por uma perícia – assim que autorizada pela Justiça- para comprovar a veracidade do testemunho da jovem.

As marcas de esganadura ainda estão no pescoço da jovem.
As marcas de esganadura ainda estão no pescoço da jovem. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

“Ele falava para a vítima ‘tô com o demônio no corpo, vou te matar. O tempo todo falava que ia ter que matar”, contou Dantas.

Outras vítimas do suposto serial killer no Paraná

Durante as investigações, a polícia descobriu que antes de Vanessa ser vítima do caminhoneiro, outra garota de programa também acreditou que iria morrer nas mãos do suspeito. “O modus operandi do […] é o mesmo. Supostamente, convida a menina para fazer um programa, após o ingresso dela dentro do caminhão, ele começa a proferir agressões, pratica o estupro e inicia os atos executórios de homicídio como esganadura. Com as duas foi a mesma coisa: mordida, soco, chute, enfim, todo o tipo de agressões e também manteve elas em cárcere privado por um longo período de tempo”, contou o delegado.

O delegado Tiago Dantas investiga se existe um serial killer no Paraná.
O delegado Tiago Dantas investiga se existe um serial killer no Paraná. (Foto: Reprodução/RICTV)

Essa primeira vítima só foi localizada pela polícia depois que as investigações iniciaram porque a jovem teve medo de procurar ajuda. Em conversa com a RICTV Curitiba | Record PR a moça, que não quis se identificar, contou que achou que iria morrer e que acredita estar viva porque conseguiu fugir dos suposto assassino em série.

Conforme seu relato, ela entrou no caminhão por volta das 20h, mas o pesadelo só começou quando já estava amanhecendo, em torno das 5h da manhã. “Tava clareando o dia, ele desceu para urinar e eu escutei ele falando fora do caminhão. Daí, eu perguntei com quem ele tava falando e ele disse com o capeta. Eu dei risada, achei que tava brincando. Mas aí, ele disse ‘Não ri não. Sabe o que ele falou pra mim? Pra mim te matare já me deu um murro no olho”, disse.

Fuga do caminhoneiro

Enquanto era espancada brutalmente, ela também era ameaçada de morte. “Ele só dizia ‘não grita e não chora. Eu pensava que eu ia morrer. Ele falava que eu ia morrer: eu vou te matar, você não vai sair daqui”, lembra a jovem que desde o acontecimento está escondida na casa de amigos por medo.

Na sequência, a vítima foi asfixiada até desmaiar e, felizmente, conseguiu fugir em um momento de descuido do suspeito. “Ele me espancou e me asfixiou até eu desmaiar. Quando eu acordei, ele tava chorando e pedindo desculpas. Aí eu fugi quando consegui”, declarou a garota de programa, que assim como a outra vítima, também continua com marcas de agressão pelo corpo.

Cocaína

Nas duas ocorrências, além da agressividade, das ameaças de morte e do cárcere privado dentro do caminhão, as jovens relataram que o suspeito consumiu cocaína. A vítima, que não se identificou, afirmou que ela e o caminheiro cheiraram juntos 72 pinos da droga. Porém, a garota que admitiu ser usuária constante não acredita que esse seja o motivo do caminhoneiro ter tentado matá-la. “Pra mim ele é meio psicopata porque eu também uso e nunca fiquei assim”.

Caminhoneiro nega

Apesar dos sinais de agressão, o caminhoneiro negou o crime e afirmou ao delegado que teria espancado as mulheres depois de ser roubado por elas. Ainda segundo Dantas, durante o depoimento, quando indagado sobre ter dito às vítimas que havia matado 14 mulheres, o suspeito riu e agiu com deboche.

Ele permanece preso preventivamente, pois o Juiz responsável pelo caso entendeu que existem indícios suficientes para mantê-lo atrás das grades por tentativa de homicídio. As investigações continuam.