'Sheik dos Bitcoins' é preso em operação da PF, em Curitiba

por Guilherme Becker
com informações da Comunicação da Polícia Federal em Curitiba
Publicado em 3 nov 2022, às 07h11. Atualizado às 11h37.

A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quinta-feira (3), um mandado de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão em decorrência de aprofundamentos da Operação Poyais. O alvo da operação, que apura a prática de crimes contra a economia popular, por meio de fraudes com criptomoedas, é o empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como ‘Sheik dos Bitcoins’. O suspeito foi detido após ordens expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba.

A investigação apurou, após a deflagração da Operação Poyais em outubro deste ano, que o responsável pela organização criminosa suspeita da prática no Brasil e no exterior de fraudes com criptoativos descumpriu medidas cautelares diversas da prisão impostas pela Justiça Federal. Dentre as restrições, o investigado não poderia continuar a administrar as empresas e tampouco praticar atos de gestão no interesse de seu grupo econômico.

A partir de diligências policiais, foi possível identificar que o investigado, dias após a deflagração da operação policial, passou a realizar encontros frequentes com funcionários em uma residência, em Curitiba. Uma das empregadas é a gerente financeira do grupo, ao passo que outro empregado identificado é o responsável pelo designer gráfico das plataformas virtuais criadas pelo investigado para prática das fraudes.

Além do descumprimento das medidas cautelares, os quais eram suficientes para a expedição do decreto de prisão, a constatação dos encontros frequentes do investigado com empregado responsável pelo designer gráfico das plataformas virtuais demonstrou que a organização criminosa continuava ativa e promovendo atos criminosos.

Atualização

Em nota, Francisley afirmou que não descumpriu as medidas cautelares e que a prisão gerou espanto. Veja a manifestação da defesa do suspeito:

“Referida medida [prisão] gerou espanto na defesa e em todos que acompanham o desenrolar jurídico do referido feito, uma vez que, desde a deflagração da Operação Poyais, o senhor Francisley cumpre, rigorosamente, todas as decisões exaradas em seu desfavor.

Por se tratar de procedimento sigiloso a defesa não obteve, por ora, acesso aos autos do processo carecendo de ciência precisa de todos os fatos realizados no procedimento da prisão. Contudo, após a devida habilitação (a qual já foi solicitada) qualquer manifestação sobre o ocorrido se dará nos autos do processo, que se encontra sob segredo de justiça por conter informações sigilosas em que a intimidade do requerido está sendo exposta e analisada.

Por fim, reitera que não houve, por parte do senhor Francisley, qualquer descumprimento de medidas cautelares ou qualquer outra decisão judicial, sendo que eventuais desacordos de informações existentes serão devidamente esclarecidos nos autos. Por fim, informamos que todas as medidas judiciais necessárias e cabíveis estão sendo tomadas pelo corpo jurídico técnico responsável.

Operação contra golpe de criptomoedas

Durante a investigação da Operação Poyais, demonstrou-se que o grupo criminoso, além de promover fraudes no Brasil e no exterior, confeccionava e comercializava plataformas e sistemas virtuais para terceiros interessados na prática de crimes semelhantes. Recentemente, no bojo da Operação Bad Bots, também deflagrada pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, houve a condenação de duas pessoas responsáveis por crimes contra o sistema financeiro a partir de fraude envolvendo a comercialização de criptomoedas. Com o avanço das investigações, comprovou-se que o sistema virtual usado para tais fraudes foi criado e mantido pela organização criminosa ora investigada.

Da mesma forma, demonstrou-se que os encontros do investigado com funcionário da área de criação de plataformas virtuais se destinavam a criação e manutenção de outros sistemas virtuais ativos, comercializados pela organização criminosa com terceiros, possivelmente usados para promoção de práticas criminosas semelhantes.

Por conta disso, considerando a atualidade e periculosidade das ações do investigado, o qual, mesmo solto, continuou a criar e gerir plataformas virtuais usadas para promoção de esquemas de pirâmides financeiras, a prisão preventiva foi decretada pela Justiça Federal também para garantia da ordem pública e econômica, buscando-se, assim, o fim da atividade delitiva.

As investigações da Operação Poyais continuam, não apenas para cessação das atividades criminosas, mas também para a elucidação da participação de todos os investigados nos crimes sob apuração, bem como o rastreamento patrimonial para viabilizar, ainda que parcialmente, a reparação dos danos gerados às vítimas.