Um homem preso em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na última sexta-feira (11), por suspeita de forjar o suicído da esposa Juliana Anacleto do Amaral, de 27 anos, é acusado pela polícia por envolvimento em outros crimes. Entre eles, a participação em uma tentativa de assalto e sequestro que ocorreu em 2020, na capital paranaense. 

De acordo com a investigação, Anderson Silva de Ramos, de 42 anos, fazia parte de um grupo criminoso que costumava usar coletes da polícia para se aproximar das vítimas e rendê-las desprevenidas. 

Assalto e sequestro 

Nesta terça-feira (15), a Polícia Civil deflagrou uma operação para cumprir 80 mandados judiciais na Grande Curitiba. Uma das determinações era contra Anderson, pela suspeita de seu envolvimento na tentativa de assalto e sequestro de um empresário. 

Na época do crime, o dono de uma panificadora foi abordado no bairro Portão, em Curitiba, por homens armados, que usavam coletes da Polícia Civil, e afirmavam que possuíam um mandado de prisão contra ele. Na sequência, a vítima foi obrigada a seguir com seu próprio veículo, enquanto era acompanhada por três suspeitos, até a residência da família em Fazenda Rio Grande, também na região metropolitana da capital.

Ao chegar no local e desconfiar que os homens não eram policiais, o empresário saiu correndo e gritando por socorro antes que o portão fosse aberto. Já os criminosos – armados com pistola e até um fuzil – acabaram fugindo com ajuda de um comparsa, que aguardava em um segundo veículo. 

“Ele será interpelado sobre os fatos que se passaram em Fazenda Rio Grande, ele pode se manifestar no direito de silêncio. Contudo, nós temos elementos e informações contundentes de que ele se passando por policial civil achacou diversos empresários. Inclusive, ele usava colete, armas, tudo próprio da Polícia Civil, explica o delegado Ademair Braga. 

Diante das evidências, as equipes de investigação de Fazenda Rio Grande, que apura o crime sequestro e tentativa de assalto, de São José dos Pinhais, responsável pela morte de Juliana, e de Curitiba irão trabalhar em conjunto para identificar outros crimes nos quais Anderson possa estar envolvido.    

“Ao que tudo indica, existem outros fatos que ele estaria envolvido, para que ele possa ser interrogado e responder por esses fatos”, completa o delegado Fábio Machado. 

Feminicídio 

Anderson foi detido poucas horas após Juliana ser encontrada morta na casa onde vivia, desde o início do ano, com o companheiro. À polícia, ele alegou que se deparou com a esposa enforcada na porta do banheiro e que pediu a enteada, uma menina de 11 anos, uma faca para cortar a corda. 

No entanto, quando os investigadores chegaram no local, perceberam que os indícios apontavam para um feminicídio. “O que a gente reparou no local é que a corda é muito maior do que o necessário para enforcar uma pessoa. A posição do corpo que ele nos deu, é incompatível com a cena que a gente encontrou no local. Da mesma forma, também é incompatível com um eventual suicídio, a maneira como a corda foi amarrada no pescoço da vítima. Os elementos da cena indicam que a vítima teria sido estrangulada e não enforcada, por isso, nós prendemos ele em flagrante”, ressalta  Machado. 

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Juliana e Anderson se conheceram em outubro de 2020. (Foto: Reprodução/Grupo RIC)

Além disso, Juliana apresentava cortes dos pulsos e poucos pingos de sangue foram localizados pela casa. Para o delegado, o intuito do suspeito era enganar a polícia, com a intenção de que os investigadores acreditassem que ela tentou tirar a própria vida de outra forma, antes de se enforcar. Mas a ausência de sangue, foi outro fator determinante para a prisão, já que mostra que os cortes foram feitos quando ela já estava morta.

“Como alguém corta os pulsos e não sangra, tudo isso deve ser respondido pela perícia  do Médico-Legal e também pelo Instituto de Criminalística para que a gente possa encerrar esse inquérito identificando se existe realmente algum fator que desclassifique esse caso. Mas o que nós temos agora é sim um feminicídio por estrangulamento”, completa Machado. 

De acordo com familiares da jovem, ela conheceu Anderson em outubro de 2020. Na época, ele trabalhava como porteiro do prédio onde ela morava com os dois filhos, uma garota de 11 anos e um menino com cerca de 5 anos, frutos de um relacionamento anterior. Já no início de 2021, os dois resolveram viver juntos em um condomínio residencial. Além dos filhos de Juliana, uma criança com aproximadamente dois anos de idade, filha de Anderson, também vivia no local. 

Perfil violento

Uma mulher, que prefere não se identificar por medo, conversou com a RIC Record TV e afirmou que Anderson disfarçava seu perfil violento na frente das outras pessoas. “Ele se preocupava muito com a aparência, com a imagem que ele iria mostrar para os outros, mas por trás era um verdadeiro monstro. Tem muito histórico de violência pelo tempo que eu convivi com ele. Ele xingava, ameaçava bater, muitas vezes empurrou, jogou coisa, principalmente, quando ele usava drogas, ele ficava muito mais agressivo”, conta. 

“Ele é uma pessoa difícil de conviver, ele se mostrava uma pessoa, mas a verdade era totalmente diferente. Era ele sendo agressivo, batendo, ameaçando em locais de trabalho, em lugares de lazer. Sempre tinha algo”, completa a testemunha.

Já uma vizinha, que também quer manter a identidade em sigilo, contou que costumava ouvir gritos e pancadas vindos da residência em que Anderson dividia com a ex-mulher e onde atualmente vivia com Juliana. 

Em depoimento, ele negou o assassinato da esposa

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