A Polícia Civil prendeu na última terça-feira (19) o principal suspeito pela morte de Thor Lucas Curial Oliva, de 22 anos, ocorrida na Praça do Gaúcho, no bairro São Francisco, em Curitiba, na noite de 9 de junho de 2019. 

Segundo a delegada Tathiana Guzella, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ainda não se sabe exatamente o que motivou Gabriel da Silva Moura Leal, de 21 anos, a cometer o crime, mas é sabido que o suspeito mantinha profunda inveja de Thor e que os dois também possuíam uma desavença antiga

Thor Lucas era um jovem de 20 e poucos anos extremamente sociável, com muitos amigos e muito querido pelo grupo, com muitas pessoas próximas e, segundo o que a gente tem informação, ele era usuário, não se tem notícia de que ele era traficante também, e ele tinha discórdia com o Gabriel e com a organização criminosa, os traficantes que trabalhavam pro Gabriel, há muito tempo. Não se sabe se ele era cliente do Gabriel ou se ele tinha uma mágoa pessoal porque o Gabriel, segundo se tem notícia e, segundo está claro nos relatórios de investigação, ele tinha uma certa inveja do Thor. Inveja no sentido de que ele era jovem, era bonito, atraia  as pessoas, todo mundo queria ficar perto dele”, explicou a delegada. 

Suspeito de matar desafeto já havia feito inúmeras ameaças à vítima 

Ainda conforme as investigações, o suspeito já havia ameaçado a vítima inúmeras vezes – inclusive, um dia antes do crime – e a rixa entre os dois era de conhecimento de várias pessoas. “A vítima teria sido ameaçada inúmeras vezes pelo Gabriel. […] Nós temos várias ameaças por mensagens, por interceptações, por testemunhas, por recados. Thor chegou a ficar recluso por vários meses por medo e quando ele voltou a sair com seus amigos, no primeiro dia que ele retorna para esses locais públicos, um amigo já avisa ‘Olha, já mandaram um recado: vai embora porque senão você vai morrer”, disse Guzella.  

“As pessoas ouvidas relatam que existia muita inveja de pessoa do Thor, porque o Thor era bonito, muito cativamente, uma pessoa muito atraente como amigo, com as meninas. Ele não gostava da presença do Thor”, disse a delegada. 

Gabriel era procurado por homicídios desde o fim das investigações quando seu nome já havia sido apontado como provável envolvido com o assassinato do jovem em plena praça pública.  “As investigações se concluíram antes dos 30 dias e a prisão preventiva do Gabriel foi decretada em seguida porque nós temos inúmeras provas cabais de que ele seria o autor do crime. Não se sabe ainda se ele efetuou os disparos porque só apenas a mão saiu para fora, do vidro totalmente preto, no carro preto não identificado, apenas a mão saiu para fora e efetuou os disparos e foram diversos disparos”, pontuou a responsável pela investigação.  

“No dia 9 de junho, ele [Thor] sai com os amigos e os amigos visualizam que o grupo criminoso em questão está ali na região, vendendo drogas, e alertam ‘poxa, você não tem medo’, e ele declarou ‘eu tô cansado de me esconder, eu não devo nada, prefiro morrer do que ficar trancado”, contou Guzella.

A exata participação de Gabriel no crime e o envolvimento de pelo menos uma segunda pessoa seguem em investigação. 

Tráfico de drogas 

Gabriel também possuía outros dois mandados de prisão preventiva em aberto contra ele por tráfico de droga. Conforme a polícia, o suspeito pelo assassinato de Thor Lucas é uma pessoa de “altíssima periculosidade”, pode estar envolvido em outros homicídios e atuava como uma espécie de gerente do tráfico de drogas na região central de Curitiba

Guzella explicou que o assassinato de outro jovem, ocorrido na Praça da Espanha em janeiro deste ano, também está ligada a essa organização criminosa. 

Entenda o crime na Praça do Gaúcho

Thor estava sentado na calçada da Praça do Gaúcho quando um carro parou e alguém atirou pela janela diversas vezes contra a vítima. Dezenas de pessoas presenciaram o crime.

Sua mãe e sua irmã foram até o local para fazer o reconhecimento do corpo. Em desespero, ambas desmaiaram e precisaram ser amparadas por policiais militares que atendiam a ocorrência.

“As nossas vidas nunca mais serão as mesmas e a única coisa que faz a gente levantar a cabeça e continuar seguindo é a esperança por justiça”, declarou a irmã de Thor, que não quis se identificar, meses atrás.