Duas pessoas foram presas nesta terça-feira (6), suspeitas de envolvimento em uma organização criminosa investigada pela venda de substâncias indevidas para a produção de vacinas para a Fundação Butantan. A ação aconteceu em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
De acordo com a Polícia Civil do Paraná, a empresa investigada teria entregue glicerina ao invés de glicerol para ser utilizado no controle de qualidade das vacinas no Butantan. A polícia afirma que os produtos teriam sido trocados intencionalmente. Um vendedor e um administrador da empresa investigada foram presos.
De acordo com o delegado Fábio Machado, da delegacia de São José dos Pinhais, a suspeita é que os produtos tenham sido utilizados indevidamente na fabricação de vacinas.
“Esses rapazes foram conduzidos para a delegacia, foram interrogados, admitiram haver vendido esses produtos para o Instituto Butantan, nós oficiamos ao Instituto Butantan para verificar se esses insumos foram aplicados na produção de vacinas, se eles ainda têm resquícios desses produtos lá, tudo isso está sendo averiguado, e toda repercussão disso na saúde pública, a gente quer saber se essa venda de produtos afetou de alguma maneira a qualidade das vacinas do Instituto”.
Disse o delegado Fábio Machado.
Veja o vídeo:
A venda dos componentes indevidos foi descoberta após investigações de alta complexidade contra uma associação criminosa envolvida com fraudes em licitações e adulteração de álcool gel, durante a Operação Ruptura.
Os investigados vão ser indiciados por crimes contra a ordem tributária e consumidor, sonegação fiscal, crime contra a saúde pública, crime contra o meio ambiente, associação criminosa, coação no curso do processo, falsidade ideológica, crime contra a administração pública e lavagem de dinheiro.
A PCPR segue investigando os fatos a fim de identificar outros possíveis crimes envolvendo a associação criminosa.
Adulteração
Na semana passada, a Polícia Civil prendeu três pessoas envolvidas em três empresas responsáveis pela adulteração de álcool em gel e descobriu sobre a venda das substâncias indevidas.
Durante as investigações, foi apurado que os produtos estavam cerca de 10% abaixo das especificações técnicas exigidas pela Agência Nacional De Vigilância Sanitária (ANVISA). Além disso, a PCPR descobriu que as três indústrias faziam ilegalmente uso do registro de notificação de produto de duas grandes marcas de álcool do país. A indústria usava o registro como se a marca fosse deles, além de fraudar os rótulos e o nome do engenheiro químico responsável pelo produto junto com o registro de classe.
Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se manifestou sobre a fraude.
“A Anvisa iniciou a investigação para apurar possíveis irregularidades e o impacto nos produtos sujeitos à vigilância sanitária. A presença de servidores da Anvisa no local dependerá do desdobramento das investigações.”, diz a nota oficial.
Butantan
Em nota, o Instituto Butantan afirmou que a situação “não apresentou nenhum tipo de risco à qualidade, segurança e eficácia dos produtos”.
Veja na íntegra:
“O Instituto Butantan informa que nenhum item proveniente da empresa Control Lab Comércio de Produtos para Laboratórios é ou foi utilizado como insumo ou matéria-prima para a fabricação ou análises dos produtos, incluindo vacinas ou soros.
Boa parte dos materiais adquiridos da empresa investigada sequer chegou a entrar nos laboratórios de Controle de Qualidade, uma vez que outras marcas foram utilizadas. Os poucos materiais utilizados tratavam-se de produtos de apoio e/ou com baixa criticidade e passaram por algum tipo de controle que possibilitaria a identificação de uma possível adulteração ao longo da sua utilização. Dessa forma, foi possível garantir que a situação não apresentou nenhum tipo de risco à qualidade, segurança e eficácia dos produtos analisados no Instituto.
A empresa investigada não faz mais parte da nossa lista de fornecedores e reforçamos nosso compromisso com a qualidade dos produtos que são fabricados e analisados no Instituto Butantan há mais de um século.”