A RICtv começou a exibir nesta terça-feira (3) a série de reportagens chamada “Terra Sem Lei”, que investigou o que está por trás das invasões de terras rurais no Oeste do Paraná. A equipe de reportagem viajou até Guaíra, onde conflitos recentes foram registrados.

O conflito entre indígenas e agricultores pelas terras está sendo registrado nos últimos meses em Guaíra e Terra Roxa. Os indígenas reivindicam novas terras, alegando que durante a construção da Usina de Itaipu, muitas áreas rurais foram alagadas e os territórios seriam de terras que não passaram pelo processo de demarcação.
Produtores rurais registraram ataques com flechas por parte de alguns indígenas. Nas imagens, é possível ver os vidros de um dos tratores quebrando após serem vandalizados durante os conflitos.
Marly Gonçalves Kihara é mãe de Matheus, que trabalhava em um dos tratores. Ela diz que o filho foi atingido por uma garrafada no rosto e, além disso, revelou que ele chegou a vomitar sangue e que teve o nariz quebrado.
“Como mãe, foi desesperador. Ele não está enxergando 100%. Foi constatado que ele teve 80% da visão de um dos olhos afetados”, disse Marly.
A mulher contou ainda que o filho e outros agricultores se juntaram no dia do conflito para colher soja, mesmo sob a ameaça dos possíveis invasores.
“O agricultor pediu ajuda para meu filho e mais três sobrinhos. Quando ele chegou, o agricultor já estava sendo atacado e ele foi auxiliar o homem que estava apenas trabalhando”, revelou.

Feridos relembram conflitos
Outros dois envolvidos também contaram suas versões sobre os conflitos. O auxiliar de produção, Carlos Daniel da Silva, chegou a perder os dedos da mão. Ele contou detalhes do ataque.
“Estava escuro e eu só vi o vulto vindo e erguendo a mão. Na hora, levantei a mão e pensei: ‘Melhor minha mão do que meu pescoço’. Foi um corte de foice, se fosse de facão seria um corte limpo. Na hora, pensei que foi uma pancada e depois vi que meus dedos estavam pendurados. Se eu não coloco a mão, eu estava morto”.

O mecânico Jordane Mars revelou que foi proibido pela Justiça de estar na área de invasão. Ele alega que pode levar uma multa e também contou que ficou ferido durante o conflito.
“Disseram que eu era um invasor e que se eu ficasse um dia aqui, pagaria R$ 12 mil. Moro aqui no bairro, mas eu não posso passar da região. Ganhei um golpe de facão da minha cabeça. Levei muita sorte, pois quando percebi, consegui me desviar. Se pegasse mais para baixo, havia cortado meu pescoço”, detalhou.
Mars falou que o homem que o atacou estava escondido. Tanto Jordane quanto Carlos alegam que os ataques foram feitos por invasores.
Caseiro revela medo de voltar à região
O caseiro José Carlos Piskor se mudou de Guaíra, por medo de ser encontrado pelos invasores. Ele foi amarrado e teve as costas feridas por conta de agressões. Ele foi resgatado pelo Batalhão de Polícia da Fronteira.
“Temo pela minha vida. Foi uma noite que não gosto de lembrar. Estava trancado com minha esposa em casa. Foi onde eles entraram e começaram a bater na porta com o facão. Vi que não ia conseguir e coloquei a cama. Eles conseguiram entrar e me pegaram. Eles me bateram e me deram pancadas nas costas”, disse José.
Série de reportagens sobre conflitos em áreas rurais
O segundo episódio da série contará quem são os agressores, qual motivo para agirem dessa forma e o que aconteceu com eles depois disso. A reportagem vai ao ar no Balanço Geral Curitiba.
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