Tiros em posto: policial federal é indiciado por homicídio e quatro tentativas; veja detalhes
Foi finalizado o inquérito envolvendo o policial federal Ronaldo Massuia da Silva, que matou uma pessoa e atirou em outras em um posto de gasolina no bairro Cristo Rei, em Curitiba. Nesta quarta-feira (11), o delegado responsável pelo caso, Wallace de Oliveira Brito, afirmou que o suspeito foi indiciado por homicídio e quatro tentativas de homicídio com qualificadoras.
Conforme o documento da Polícia Civil, Ronaldo foi indiciado pelos crimes de disparo de arma de fogo; ameaça, três tentativas de homicídio qualificado e um homicídio qualificado. As qualificadoras foram motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa das vítimas.
“A expectativa, e eu acredito obviamente, é que o Ministério Público e o Judiciário irão acatar os elementos dos autos do inquérito, irá acontecer o oferecimento de denúncia, e o recebimento consequentemente diante de tudo aquilo que foi carreado nos autos, como eu já disse, que são elementos bastante fortes e indicam toda a personalidade do agente, mesmo antes da prática criminosa, até o fato em si”, explicou o delegado Brito.
“O que demonstra que ele é uma pessoa que, quando bebe, potencializa o seu caráter agressivo e acabou exaurindo na violência desmedida”,
destacou o delegado.
Veja os indiciamentos contra o policial federal:
- Disparo de arma de fogo: referente ao primeiro disparo realizado na porta da loja de conveniência;
- Tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa do ofendido): referente a dois disparos nas costas de Sérgio Aparecida Agostini Junior, os quais não o atingiram por circunstâncias alheias à vontade do investigado;
- Tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa do ofendido): referente a vítima Matheus Gusmão Coelho;
- Homicídio qualificado (motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa do ofendido): referente a vítima André Muniz Fritoli;
- Tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa do ofendido): referente a vítima Eduardo Pribbnow da Cruz;
- Tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa do ofendido): referente a vítima Priscila de Almeida Dal Negro;
- Ameaça: referente as palavras dirigidas a Eduardo Henrique Souza logo após o cometimento de todos os crimes.
Além disso, o delegado responsável pelo caso também enviou uma cópia do inquérito para a Corregedoria-Geral da Polícia Federal para apurar supostas infrações, como o uso de uma viatura descaracterizada para fins particulares. O veículo foi conduzido por uma civil, a ex-namorado de Ronaldo, devido ao estado de embriaguez do policial, e conforme o documento, “outras ações desidiosas”, que “atentaram diretamente contra os princípios constitucionais da administração pública, bem como: os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, lealdade às instituições e outros”.
Também foi enviado uma cópia dos autos ao Ministério Público Federal para análise de um possível crime de peculato-desvio, referente ao desvio de finalidade da viatura que estava em sua posse e que deveria ser de uso “estritamente profissional” e também o uso da arma de fogo utilizada no crime, que era da corporação.
A defesa de Ronaldo, composta por advogados do escritório de Claudio Dalledone e Nilton Ribeiro, afirmou que o indiciamento é “um entendimento da autoridade policial” e que a defesa já solicitou diligências e a reprodução simulada dos fatos”.
Confira a nota:
“O indiciamento do policial federal Ronaldo Massuia é um entendimento da autoridade policial e o primeiro passo do processo criminal. A defesa já solicitou diligências, além da reprodução simulada dos fatos, que vai esclarecer pontos sobre o trágico fato que pode alterar o relatório final do inquérito policial.”
Os advogados da família de André Muniz Fritoli, do escritório do advogado Elias Mattar Assad, também se manifestaram em nota, afirmando que esperam que “haja punição a altura e se alcance justiça”.
Veja na íntegra:
“O inquérito policial foi concluído e contém todas as provas de materialidade e de autoria – que é confessada pelo Indiciado – e traz um importante material que demonstra que a conduta do policial federal é cruel e injustificada, tendo vitimado inúmeras pessoas. Com o encerramento das investigações, a família de André Muniz Fritoli aguarda o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público para que, com o devido processo, haja punição a altura e se alcance justiça.“