A morte de avó e neta, Marley Gomes de Almeida e Ana Carolina Anacleto, respectivamente, em Jataizinho, no norte do Paraná, causou grande comoção. As familiares estavam em casa quando foram brutalmente assassinadas, no quarto da residência, localizada no bairro Pombal. As vítimas foram encontradas amordaçadas, amarradas com lençol e com cortes na região do pescoço.
Conforme investigação da Polícia Civil do Paraná (PCPR), o crime aconteceu entre a noite de sexta-feira (21) e sábado (22). O corpo das vítimas foi encontrado por um filho de Marley, que foi até a residência após não conseguir contato por telefone.
Noite com coxinhas antecede crime brutal
Na sexta-feira (21), a adolescente Ana Carolina, de 12 anos, foi até a casa da avó, Marley, pois a mulher não estava se sentindo bem. Como a cuidadora de idosos, de 53 anos, mora sozinha, a adolescente resolveu ir até o imóvel para acompanhar fazer companhia para a avó durante o final de semana.
Na noite de sexta, para agradar Ana Carolina, Marley preparou coxinhas para o jantar. Como estava com suspeita de dengue, a mulher contou para a mãe de Ana Carolina, Larissa Clemente, que não conseguiu comer os salgados.
“Mas é uma sensação muito ruim. Eu já tive febre… eu já tive dor de cabeça… eu já tive ânsia de vômito… essa dor… meu corpo dói inteirinho, inteirinho, inteirinho… dói tudo. Hoje eu fui enroscar uma mangueira na outra… eu cheguei a esquentar a mangueira… eu não tive força para por uma mangueira na outra para encaixar, Larissa. De tanta dor que eu estou nas mãos. E coceira… coceira, coceira, coceira… coceira insuportável”, disse Marley em uma das últimas mensagens.
Falta de comunicação com a família
Após o contato com Larissa, já na noite de sexta-feira (21), avó e neta não responderam mais mensagens. Durante o sábado (22), familiares tentaram se comunicar com Ana e Marley, porém, as duas não responderam.
Preocupada com a filha e com a mãe, Larissa pediu para que um irmão fosse até a residência. Quando o homem chegou na casa encontrou Ana e Marley mortas em cima da cama. “Você precisa ter calma, a mãe e a Ana estão mortas”, declarou o irmão para Larissa.
Recado com sangue na parede
A cena de violência chocou a família e também os investigadores. Havia sangue espalhado pelo chão, na roupa de cama e uma mensagem na parede. O autor do crime deixou uma frase antes de abandonar o local do crime. Na parede ficou o recado: “Desculpa mãe marcos”.
Os familiares destacaram que não conhecem ninguém com o nome de Marcos. Para a polícia, a mensagem pode ter sido escrita para despistar e confundir o trabalho da equipe de investigação.
Busca por suspeitos de matar avó e neta
Assim que a Polícia Militar do Paraná (PMPR) foi acionada, o local do crime foi isolado e a equipe da Polícia Civil do Paraná (PCPR) iniciou as investigações. As vítimas não tinham histórico de problemas com outras pessoas e ainda não se sabe a motivação.
“Pela característica da execução do crime é o que dificulta, porque não existe uma motivação clara”, comentou o delegado Vitor Dutra de Oliveira, responsável pela investigação.
Na terça-feira (25), o delegado concedeu uma entrevista coletiva onde apresentou os primeiros passos da investigação. Duas pessoas, familiares de uma das vítimas, foram conduzidas a delegacia no domingo (23) e liberadas após interrogatório. A PCPR está com o celular destes familiares e também realiza perícia nos aparelhos das vítimas.
“O celular da vítima foi apreendido e estamos analisando. Também estamos com celulares de pessoas próximas, para podermos ir aprofundando”, afirmou Dutra.
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Câmeras podem revelar mistério
Câmeras de segurança podem elucidar o crime em Jataizinho. O delegado afirmou que está em busca de imagens que possam identificar possíveis suspeitos, porém, sabe da dificuldade por ter poucos equipamentos instalados na região.
“A gente sabe que o bairro é humilde, existe uma dificuldade na localização de material de câmera de segurança. Estamos fazendo análise, para tentar identificar os autores o quanto antes possível”, comentou Dutra, sobre a busca por informações.
Uma câmera, localizada a cerca de 150 metros da residência de Marley, flagrou um indivíduo com duas facas nas mãos na madrugada de sábado (22). O rapaz ainda não foi identificado.
“Estamos tentando localizar pessoas com as características desse homem, mas ainda não sabemos se este homem é a pessoa que cometeu o homicídio ou não”, completou o delegado.
Suspeito é linchado por moradores
Na quarta-feira (26), um homem foi linchado por moradores de Jataizinho. A população acredita que o rapaz é o responsável pelos assassinatos de avó e neta.
O suspeito alvo do linchamento precisou ser encaminhado para a UPA de Ibiporã após ser brutalmente atacado. Na sequência, ele foi levado até o Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina.
Em nota, a Polícia Civil disse que “no momento, não será confirmada a eventual prisão ou localização de suspeitos, justamente para preservar o sigilo das investigações e a integridade das pessoas envolvidas, inclusive de possíveis alvos ou testemunhas”.
A corporação ainda defende no comunicado que a “divulgação de vídeos, imagens, nomes e especulações sobre o caso em redes sociais e grupos de mensagens tem prejudicado seriamente o trabalho investigativo, interferindo na coleta de provas e colocando em risco o sucesso da apuração e a segurança de terceiros”.
Moradores de Jataizinho com medo
Uma vizinha de Marley Almeida Clemente, vítima do assassinato, relatou à RICtv que não esperava presenciar esse crime. “Foi um ‘baque’, até agora a ficha não caiu”. Ainda, a vizinha que não será identificada nesta reportagem, relatou estar com medo que algo aconteça em outras casas da região.
“A gente não confia mais, está todo mundo com medo. Meu neto fica brincando embaixo da árvore e eu falei pra ele brincar mais no quintal. A gente nunca sabe, não tem dia e não tem hora”, disse.
Investigações em Jataizinho
Nesta quinta-feira (27), o secretário de Segurança Pública do Estado do Paraná (Sesp) irá até o norte do estado para acompanhar as investigações. As autoridades se comprometeram a esclarecer o crime que resultou na morte de avó e neta.
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Editor
Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.
