Um vídeo feito em Porecatu, cidade do norte do Paraná, mostra um homem descarregando mesas de uma das ambulâncias da Secretaria de Saúde do município. A suspeita de alguns dos moradores da cidade é de que os móveis seriam para uma festa. De acordo com as primeiras informações, a gravação foi feita na sexta-feira (16). Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=A8Mxco5Q31c

O flagrante foi investigado pela equipe do Balanço Geral Londrina. O promotor do Ministério Público do Paraná, Pedro Castelani, comentou sobre o uso de um veículo público para fins particulares:

“Não tínhamos conhecimento nem do vídeo e nem dessa informação desse fato […]. Isso não impede que o Ministério Público investigue este fato para apurar se o transporte desses materiais estava destinado a alguma obra pública, algum órgão público, ou particular. Caso tenham sido utilizados para algum evento particular, isso pode configurar um ato de improbidade administrativa”,

disse o promotor Pedro Castelani, em entrevista ao Balanço Geral de Londrina

Além do uso impróprio do veículo, a suposta comemoração estaria sendo montada em meio a um cenário de pandemia da Covid-19. Aglomerações de pessoas em eventos são proibidos pelos governos estaduais e municipais para evitar o aumento de casos da doença. 

O caso segue em investigação. As pessoas que aparecem no vídeo não foram identificadas até o momento e ninguém atendeu a reportagem da RIC Record TV na casa de eventos. 

O prefeito de Porecatu, Fábio Luiz de Andrade (PSD), foi procurado pela equipe de reportagem, mas as ligações não foram atendidas. A Vigilância Sanitária e a secretária de saúde da cidade, Laila Giota, também não quiseram se manifestar. Um dos funcionários da prefeitura, que preferiu não se identificar, disse que a ambulância é usada para trabalhos voluntários. 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Porecatu, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Compra irregular

Atualmente, o prefeito reeleito Fábio Luiz de Andrade responde a um processo sobre a compra de uma ambulância que não foi entregue ao município. A negociação foi feita com uma empresa privada do Goiás ainda no primeiro mandato, em dezembro de 2019. Foram gastos R$ 163 mil dos cofres públicos. Em uma live no Facebook, o prefeito explicou que o atraso aconteceu devido ao início da pandemia e falta de materiais. Ele também afirmou que a empresa teve dificuldade de encontrar o modelo escolhido, foi substituída por outro de valor maior e não aceitou o acordo judicial de devolução do valor investido. 

“A prefeitura efetuou o pagamento. A empresa, alegando seus motivos, não entregou o produto e não quer fazer a devolução em parcela única”,  

explicou Fábio Andrade, em sua página no Facebook

No dia 6 de abril, os bens de Fábio foram bloqueados por suspeita de improbidade nesta mesma compra. O promotor Pedro Castelani informou que foi feito um acordo entre o Ministério Público, Fábio Luiz de Andrade e a empresa fornecedora. O prefeito pagará uma multa de R$ 17 mil por danos aos cofres públicos. O valor será repassado para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Porecatu. A empresa foi multada em R$ 178 mil.

Atualização: Laila Maria Alves Giota, secretária de saúde de Porecatu, emitiu nota oficial sobre o uso do veículo público para transporte de mesas e cadeiras.

“A Secretaria Municipal de Porecatu esclarece a todos que a VAN denunciada fazendo entrega de cadeiras, não é Ambulância este veículo é para uso exclusivo de transporte de Agentes de Saúde da Dengue e aplicação de inseticida. Quanto ao Funcionário do Município que deu a ordem para que fosse feita a entrega, a Secretaria Municipal de Saúde e Departamento Jurídico Municipal tomará providências cabíveis”.