O Paraná registrou um aumento nos casos de feminicídio em 2024. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram 109 vítimas no estado, contra 81 no ano anterior — um crescimento de 33,7%. Esse avanço coloca o Paraná entre os estados com os maiores aumentos absolutos de feminicídios no país.

Dados do feminicídios no Paraná em 2024
Na proporção de feminicídios, o estado também cresceu: de 32,8% em 2023 para 44,3% em 2024 (Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública)

Embora o número total de homicídios de mulheres no Paraná tenha se mantido praticamente estável — 246 casos em 2024, contra 247 em 2023 — a participação dos feminicídios nesse total saltou de 32,8% para 44,3%. Ou seja, quase metade das mulheres assassinadas no estado foram mortas por serem mulheres, em contextos de violência doméstica, familiar ou por menosprezo à condição feminina.

Paraná vai na contramão do país

No Brasil, os feminicídios também cresceram, mas em proporção bem menor: de 1.475 para 1.492 casos (alta de 0,7%). A taxa nacional de homicídios de mulheres caiu 6,4%, o que indica uma redução da violência letal contra mulheres de forma geral — mas com aumento na motivação por gênero.

Enquanto isso, o Paraná não apenas contrariou essa tendência de queda, como teve o 3º maior número absoluto de feminicídios do país, atrás apenas de São Paulo (253 casos) e Minas Gerais (163 casos). Em termos proporcionais, o crescimento paranaense também é superior ao da maioria dos estados.

Comparativo do número de feminicídios no Paraná em relação a outros estados
O Paraná aparece em 3º lugar no número absoluto de feminicídios (Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública)

O que é o Anuário Brasileiro de Segurança Pública

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é uma publicação oficial do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), considerada uma das principais fontes de dados sobre violência e criminalidade no país. Produzido anualmente desde 2007, o documento reúne, organiza e analisa estatísticas fornecidas pelas Secretarias Estaduais de Segurança Pública, Ministérios Públicos, polícias civis e militares, além de bases oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A publicação tem como objetivo avaliar as políticas públicas de segurança, oferecer transparência sobre os índices de violência e auxiliar na formulação de estratégias de prevenção e combate ao crime. Os dados englobam indicadores como homicídios, feminicídios, estupros, violência policial, encarceramento, orçamento da segurança e crimes patrimoniais, entre outros.

O anuário é amplamente utilizado por gestores públicos, pesquisadores, organizações da sociedade civil e jornalistas, por ser uma referência confiável e comparável ao longo dos anos. Os dados são divulgados por ano de registro, com base em estatísticas oficiais consolidadas pelas instituições estaduais e federais.

A edição mais recente, publicada em julho de 2025, corresponde ao 18º Anuário, com dados referentes ao ano de 2024.

O que diz a Secretaria de Estado de Segurança Pública sobre o aumento dos casos de feminicídio no Paraná

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP/PR) se posicionou por meio de nota (veja na íntegra abaixo). No comunicado, a SESP cita que o número de homicídios contra mulheres caíram no estado e que quase a totalidade desses casos foram solucionados.

A Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) informa que o número de homicídios contra mulheres no Paraná diminuiu 1% entre 2023 e 2024, caindo de 247 para 246. Esses números já incluem feminicídios. Para aumentar a conscientização social, a secretaria lançou o Programa Mulher Segura que aumenta a confiança das mulheres em denunciar casos de abuso sexual e violência doméstica. O feminicídio é um crime cultural, pois tem relação direta com a desigualdade de gênero, e não deve ser combatido como os demais tipos de crime. Vale destacar que praticamente 100% de crimes desse tipo foram solucionados nos últimos anos pelas forças policiais do Paraná.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.