Jovem abusada pelo padrasto revela detalhes de 22 anos de cárcere
A jovem, de 29 anos, vítima de abusos e cárcere privado por 22 anos, revelou detalhes dos momentos que passou em uma casa em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. A mulher contou em entrevista exclusiva ao Domingo Espetacular, da RECORD, sobre o drama e os abusos que viveu dentro da própria casa.

A vítima começou a ser abusada pelo padrasto aos 7 anos, pouco depois, com a separação do casal, a menina foi retirada da casa da mãe pelo homem. A princípio, a genitora da vítima era frequentemente ameaçada, por isso, nunca denunciou o agressor. Aos 16 anos, a jovem, que já estava em cárcere privado, engravidou do padrasto. Por isso, foi obrigada a casar com ele. Desde então, ela vivia como esposa dele, ao invés de enteada. Ao todo, eles tiveram três filhos juntos, dois meninos e uma menina.
Mesmo que tivesse acesso à internet e à televisão, a vítima era vigiada 24 horas por dia pelo agressor. O celular da jovem era monitorado, e todas as mensagens que ela enviava e recebia estavam disponíveis no aparelho dele.
“Eu só imaginei que a minha história poderia passar na televisão, mas sem eu estar viva. Eu nunca imaginei poder estar contando a minha história”, desabafou a jovem após ser liberta do agressor.
Liberdade do cárcere privado após 22 anos
A denúncia sobre os crimes chegou até a Polícia Civil do Paraná (PCPR) por meio de uma meia irmã da vítima. Uma jovem, de 21 anos, que é filha do abusador, resolveu revelar o caso aos agentes após a vítima detalhar o que estava sofrendo.
“Acabei desabafando com ela, mas pedi para ela, por favor, não fale, não chame a polícia, não quero me expor”, contou a mulher vítima de cárcere.
Com a denúncia, a vítima foi convidada para depor na Delegacia da Mulher. Durante cerca de 30 minutos de depoimento, o suspeito ligou aproximadamente 30 vezes e mandou áudio devido à falta de retorno da companheira.
“Onde você está? Atende esse telefone, me responda. Fala comigo, você sabe que a única coisa que tenho nessa vida é você. Volta para casa que senão você vai ter problema sério comigo”, declarou o vigilante em áudio.
Com base nas informações, a PCPR foi até a casa do suspeito, em um bairro de classe média de Araucária e encontrou o homem. O padrasto não reagiu à abordagem, mas tentou apagar alguns arquivos no celular. Conforme o delegado Eduardo Kruger, o suspeito convidava outros homens para abusar da mulher e gravava o ato sexual.
“De imediato a gente consultou o celular dele e encontramos vídeos da vítima praticando atos com outros homens. Aparecia o rosto da vítima e é muito pesado, porque o rosto dela mostrava que ela não queria estar ali, que ela estava sendo abusada”, relatou o delegado.
O padrasto foi preso em flagrante e na delegacia negou os crimes de perseguição e estupro. “Eu desconheço essa acusação. Nego isso aí”.
Liberdade após denúncia
A mulher e os três filhos foram acolhidos em uma casa em Araucária. Bastante abalada com toda a situação, a vítima desabafou e deixou uma mensagem para todas as mulheres que sofrem abusos.
“Você precisa falar, eu não falava. Agora estou aqui falando., Deus vai te ajudar, você vai sair assim como eu. Eu saí, eu estou viva. Foi muito bom, vocês não sabem como. Eu achava que ia sair morta, mas eu digo, se tiver alguém nessa situação, procure ajuda. Não deixem que controlem a sua vida. Você precisa ter força, você vai sobreviver. Eu sou a prova”, declarou a vítima.
Para a denúncia, a família da vítima contou com ajuda do advogado Jackson Bahls. O representante da família destacou que logo que recebeu a denúncia informou que precisava agir rápido, pois a mulher estava correndo risco.
“O cárcere quem está vivendo agora é o agressor, ele está no cárcere preso. Ela vivia um cárcere sem grades e muros, um cárcere mental. É justamente o que a mulher vítima de violência ela sofre”, comentou Jackson Bahls.
Assista ao conteúdo do Domingo Espetacular na íntegra:
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