Curitiba - A esposa de Gustavo Silva Xavier, motorista de aplicativo que foi morto noite da última quinta-feira (17), após ser atingido no peito pelo disparo de um policial militar, pediu por justiça após o enterro do marido. Na manhã deste sábado (19), familiares e amigos do trabalhador prestaram a última homenagem durante o sepultamento em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Ainda bastante abalada, Jéssica Renata Prado dos Santos resolveu conversar com a equipe da RICtv após a cerimônia de despedida. A mulher destacou que o marido não era uma pessoa agressiva e nunca se envolveu em brigas de trânsito.
“É impossível ele ter perseguido pelos horários, isso é impossível. E ele nunca faria isso. A gente tá junto, já vai fazer 8 anos que nós estávamos juntos, e assim, o Gustavo não é de brigar, o Gustavo é calmo, nunca brigou no trânsito, sempre dirigiu tudo certo, tudo ok. E ali a gente vê que realmente ele atirou para matar o Gustavo. E fora a omissão de socorro, porque o meu marido, eu tenho a imagem da minha cabeça aqui, ele agonizando por uma hora. Uma hora até chamar o socorro para o Gustavo”, comentou a esposa de Gustavo.
A mulher ainda lembrou o quanto Gustavo era trabalhador e o quanto cuidava da filha de 3 anos, que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ainda com lágrimas nos olhos, Jéssica comentou que a filha pede a todo momento para ver o papai.
“Todos os dias Gustavo saía para trabalhar 4h30 da manhã, no máximo 5h da manhã, fazia todos os dias 12 horas a fio. Ele era o provedor da casa e um homem trabalhador com uma filha que tem autismo, que faz tratamento. Ele era o suporte da gente, o apoio. Então assim, não tiraram uma vida, mataram uma vida, mataram sonhos, mataram direito da nossa filha ter um pai, um homem de 29 anos, cheio de sonhos, que amava a família, um cara bondoso, um cara que não nunca gostou de confusão. Uma das pessoas mais honestas que eu já conheci”, declarou a companheira.
Jéssica aproveitou para pedir justiça pela morte do marido. Para a mulher, a versão apresentada pela Polícia Militar do Paraná (PMPR), não condiz com a verdade. “O que a gente quer é justiça, esclareça tudo porque todo mundo sabe que o Gustavo é um homem incrível, um homem trabalhador, um homem bondoso e não é aceitável dizerem o contrário dele. Ele é a melhor pai do mundo e deixou o sonho dele de três aninhos”, finalizou.

Prima de motorista morto relata problemas no Boletim de Ocorrência
Uma prima de Gustavo também conversou com a equipe da RICtv após o sepultamento. A jovem comentou que desde o primeiro momento, na delegacia e durante a produção do Boletim de Ocorrência (BO), algumas coisas ‘estavam estranhas‘.
“Desde que a família chegou na delegacia, eles estavam se recusando a entregar o boletim de ocorrência, não sabiam explicar os fatos e quando você repara é uma ocorrência que envolveu um policial militar. Por que tanta omissão no boletim de ocorrência? O Gustavo não perseguiu à toa, existia uma motivação. Qual é essa motivação? Pelo que nós estamos sabendo, houve uma batida e esse policial não parou”, comentou Taffini.
A prima também questiona o fato de tratarem o caso como um confronto armado, pois garante que Gustavo não estava armado.
“O Gustavo não ia perseguir à toa. Alguma coisa aconteceu ou se fecharam. Se foi uma briga de trânsito, o Gustavo agiu de maneira errada, nós vamos aceitar. Entende? Agora, eles colocam ali, houve um confronto armado para a população comum. O que é um confronto armado? Duas pessoas armadas”, contesta a jovem.
A morte de Gustavo é investigada pela Polícia Civil do Paraná. Já a PMPR deve abrir um procedimento para averiguar a conduta do soldado que estava de folga.
Motorista baleado teria perseguido policial
Conforme a PMPR, Gustavo, de 29 anos, teria perseguido um agente do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) por quatro quilômetros. Em seguida, assim que o policial parou o carro na entrada de um colégio, o suspeito teria partido para cima dele, quando foi então baleado, na região do bairro Portão, em Curitiba.

“O policial militar estava retornando para a sua residência e aqui no bairro Portão ele notou que tinha um veículo perseguindo o seu veículo particular. Ele então deu voltas e voltas, e esse veículo continuava na perseguição. Chegando aqui na República Argentina, ele embicou o veículo como se fosse entrar no Colégio Pedro de Macedo e o outro veículo embicou atrás do dele, e até abalroou o carro do policial”, desataca o capitão Gonçalves, da PMPR, que atendeu à ocorrência.
Ainda de acordo com o capitão, o motorista desse outro carro teria então investido contra o policial, momento em que foi baleado.
“Em seguida, o motorista saiu do automotor e veio para cima do policial, que recuou, puxou a arma e deu voz de abordagem. E mesmo depois do policial militar se identificar, esse indivíduo continuou vindo para tentar agredi-lo. Nesse momento o policial militar, para repelir essa injusta agressão, desferiu um tiro”, complementa o capitão.
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