Dia do Motociclista: 51% dos acidentes em Curitiba envolvem motos

por Valeska Macedo
com supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 27 jul 2022, às 06h10. Atualizado às 07h45.

O Dia do Motociclista é celebrado nesta quarta-feira (27) em todo o Brasil. Além da homenagem, a data também serve como um alerta para os pilotos: só nesta terça-feira (26), em Curitiba, sete acidentes* envolvendo motos foram registrados pelo Corpo de Bombeiros. Ou seja, a cada três horas e meia, uma pessoa fica ferida em acidente com moto na capital.

Os motociclistas representam dois terços dos acidentes com vítimas na cidade. Nos primeiros sete meses (do começo de janeiro até a metade de julho) deste ano, ocorreram 1.423 ocorrências envolvendo motocicletas, motonetas ou ciclomotores na capital. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SESP/PR), das colisões registradas, 1.089 tiveram vítimas e 334 foram sem feridos. Os dados são do Sistema Bateu, do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), da Polícia Militar do Paraná (PMPR).

Número de acidentes nos anos anteriores

2021

  • 2.599 ocorrências envolvendo motos, com 2.194 vítimas;

2020

  • 2.404 ocorrências envolvendo motos, com 2.076 vítimas;

2019

  • 2.789 ocorrências envolvendo motos, com 2.493 vítimas.

O comandante do BPTran, tenente-coronel Fernando Klemps, explica que o aumento de acidentes pode ter diversas causas que envolvem questões econômicas e de comportamento da população. Nos últimos dois anos, outro fator relevante foi a pandemia da Covid-19, quando a moto se tornou uma alternativa de mobilidade barata e prática, além de ser mais ágil no trânsito.

“O número de acidentes envolvendo motocicletas sempre foi alto, mas nos últimos anos houve um aumento do uso deste tipo de veículo, principalmente nos serviços de entrega de alimentos que, aliado a outras questões, causou um número maior de motocicletas nas ruas e, consequentemente, mais ocorrências envolvendo esse veículo”,

explica.

As motocicletas representam apenas 11,5% da frota total de veículos emplacados em Curitiba, ou seja, de 1,5 milhão de veículos, 167.786 são motos. No entanto, elas estão presentes em mais da metade dos acidentes. Em 2021, por exemplo, quando ocorreram 5.023 acidentes em Curitiba, 2.599 deles tinham motocicletas envolvidas, ou seja, 51,74% do total.

O fundador e diretor vice-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Mauro Gil Meger, explica que as motos são veículos frágeis no trânsito, por isso o risco de fraturas, sequelas e mortes é alto. 

O parágrafo 2° do artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz que ‘os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores’. Segundo Mauro, o aumento de motociclistas nas ruas após a pandemia apresentou uma nova realidade aos condutores de carros no trânsito.

“Os motoristas sentiram a ‘invasão’ das motos nas ruas e é necessário que eles se adaptem a este novo cenário”,

diz. 

Além da atenção dos motoristas, o cuidado dos motoqueiros nas ruas é fundamental para prevenir acidentes. 

Dicas para evitar acidentes de moto

  • Usar os equipamentos adequados;
  • Respeitar a velocidade da via;
  • Não utilizar o celular;
  • Não exagerar nos cortes entre os carros;
  • Ajustar os espelhos retrovisores;
  • Fazer as curvas com cuidado;
  • Não frear bruscamente;
  • Ter atenção nos cruzamentos.

Um relatório listado pelo BPTran mostra os 25 cruzamentos que mais registraram ocorrências envolvendo motocicletas em 2022. A região central de Curitiba está em primeiro lugar, com quatro acidentes. 

Cruzamentos

  • Rua João Negrão X Avenida Visconde de Guarapuava (Centro) – 4 acidentes;
  • Rua Doutor Júlio Cesar Ribeiro De Souza X Rua Carlos de Laet (Hauer) – 3 acidentes;
  • Rua Alberico Flores Bueno X Avenida da Integração (Bairro Alto) – 3 acidentes;
  • Rua Professor João Falarz X Rua Deputado Heitor Alencar Furtado (Campo Comprido) – 3 acidentes;
  • Rua Professor João Soares Barcelos X Rua Major Fabriciano Rêgo Barros (Hauer) – 3 acidentes;
  • Rua Brigadeiro Franco X Avenida Presidente Getúlio Vargas (Batel) – 3 acidentes;
  • Rua Desembargador Antonio de Paula X Rua Carlos de Laet (Boqueirão) – 3 acidentes;
  • Rua Julio Bartolomeu Taborda Luiz X Rua Bernardo Glodzinski (Tingui) – 3 acidentes;
  • Rua José Veríssimo X Rua José de Oliveira Franco (Bairro Alto) – 3 acidentes;
  • Rua Victorio Viezzer X Rua Solimões (Vista Alegre) – 3 acidentes;
  • Rua Visconde de Nacar X Avenida Vicente Machado (Centro) – 3 acidentes;
  • Avenida Senador Salgado Filho X Avenida Coronel Francisco Heráclito dos Santos (Guabirotuba) – 2 acidentes;
  • Rua Mário Gomes Cezar X Rua André Ferreira Barbosa (Pinheirinho) – 2 acidentes;
  • Rua Professor Nivaldo Braga X Rua 21 de Junho (Cajuru) – 2 acidentes;
  • Rua Olívio José Rossetti X Jornalista Emílio Zolá Florenzano (Tatuquara) – 2 acidentes;
  • Rua José Zgoda X Rua dos Xaverianos (Bairro Alto) – 2 acidentes;
  • Rua Capitão Souza Franco X Alameda Princesa Izabel (Bigorrilho) – 2 acidentes;
  • Avenida Santa Bernadethe X Avenida Henry Ford (Fanny) – 2 acidentes;
  • Rua México X Rua Fagundes Varela (Jardim Social) – 2 acidentes;
  • Rua Cícero Jaime Bley X Avenida Prefeito Erasto Gaertner (Bacacheri) – 2 acidentes;
  • Rua Pintor Ricardo Krieger X Rua da Pedreira (Atuba) – 2 acidentes;
  • Rua General Mário Tourinho X Alameda Júlia da Costa (Bigorrilho) – 2 acidentes;
  • Rua Mercúrio X Rua Doutor Levy Buquera (Sítio Cercado) – 2 acidentes;
  • Rua Brasílio Itiberê X Rua 24 de Maio (Jardim Botânico) – 2 acidentes;
  • Rua das Carmelitas X Rua Alcino Guanabara (Hauer) – 2 acidentes.

Dia do Motociclista

A data foi oficializada em 1998 pela Associação Brasileira de Motociclistas (ABRAM). Os motociclistas já comemoravam o dia anos antes, quando um deputado criou a celebração em homenagem ao motoqueiro e mecânico da Honda Marcus Bernardi, que morreu no dia 27 de julho de 1974.

*Sobre o número de acidentes com motos na capital, esta reportagem foi fechada às 21h de terça-feira (26). Outros acidentes com motos podem ter ocorrido após este horário.
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